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AVICULTURA

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Surto de Influenza Aviária nos EUA pressiona preço dos ovos e acende alerta sanitário no Brasil

Expectativa é de que os preços continuem subindo, com aumento projetado de 20% em 2025, segundo o USDA
Por Camila Santos

Por I Camila Santos: camila@dc7comunica.com.br

A recente escalada nos preços dos ovos nos Estados Unidos, impulsionada pelo surto de Influenza Aviária H5N9, chama a atenção não apenas pelo impacto econômico, mas também pelos riscos que representa para a avicultura global. De acordo com o médico-veterinário Marcos Rostagno, que atua nos EUA, a produção de ovos tem sido a mais afetada devido ao grande número de aves por plantel e ao longo ciclo de preparação para altos níveis de produção. “Além do disparo no preço dos ovos, que já ultrapassou US$ 4,00 por dúzia, é evidente a queda na disponibilidade nos supermercados. As prateleiras estão cada vez mais vazias, e redes de restaurantes começaram a cobrar taxas extras sobre pratos com ovos”, destaca Rostagno. A expectativa é de que os preços continuem subindo, com aumento projetado de 20% em 2025, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

O médico-veterinário Marcos Rostagno (Foto: Divulgação)

Nos Estados Unidos, a escassez de ovos levou diversas redes varejistas a adotarem medidas para controlar a distribuição do produto. Segundo informações da Reuters, lojas como Market Basket, em Massachusetts, limitaram a venda a dois pacotes por cliente. O mesmo ocorreu em unidades do Whole Foods e Trader Joe’s, que pediram aos consumidores para moderarem suas compras. A rede Publix, no sudeste do país, também relatou disponibilidade limitada de produtos à base de ovos, enquanto o Lidl US impôs restrições na compra de marcas específicas, como Green Valley e Simpson’s Eggs. A falta de ovos já impacta o setor de serviços, com restaurantes adicionando taxas extras a pratos que utilizam o ingrediente.

O avanço da influenza aviária H5N9 continua a impactar gravemente a produção de aves e laticínios nos Estados Unidos. Até 24 de janeiro, o USDA havia registrado oito surtos em estados como Califórnia, Carolina do Norte, Ohio, Missouri e Indiana, resultando na perda de 8,3 milhões de aves. Essa redução representa 3,6% do plantel convencional de galinhas poedeiras em gaiolas e 1,5% do plantel de ovos caipira não orgânico, de acordo com o Egg Market Overview. O cenário reforça a necessidade de medidas preventivas e investimentos robustos em biosseguridade, tanto nos Estados Unidos quanto em países com forte presença no mercado global de proteínas, como o Brasil. confiança dos mercados internacionais e assegurar a continuidade do crescimento do agronegócio brasileiro.

Sinal de alerta

Essa situação reacende um alerta para o Brasil, maior exportador de carne de frango do mundo, responsável por mais de 30% do comércio global da proteína. A possível entrada da influenza aviária em granjas comerciais brasileiras poderia comprometer a produção e impactar diretamente as exportações. Henrique Pedro Dias, diretor de Política Profissional do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), reforça a robustez do sistema brasileiro de biosseguridade, mas aponta fragilidades estruturais. “A influenza entrou no Brasil no ano passado em criações de subsistência, mas não em granjas comerciais. Nossa rede de detecção é rápida e a vigilância é efetiva. No entanto, a falta de profissionais e investimentos compromete a capacidade de resposta caso o vírus atinja o setor produtivo”, afirma.

A possível entrada da influenza aviária em granjas comerciais brasileiras poderia comprometer a produção e impactar diretamente as exportações (Foto: Divulgação)

O déficit de auditores fiscais é uma das principais preocupações do Anffa Sindical. Atualmente, o número de profissionais está muito aquém da demanda, especialmente diante do crescimento das exportações agropecuárias. “Faltam uniformes, veículos, equipamentos e orçamento para a execução das atividades, além dos recursos humanos. A reposição de 200 profissionais será insuficiente frente à necessidade atual, considerando que mais de 1,2 mil estão próximos da aposentadoria”, alerta Dias. Essa situação pode comprometer a eficácia do controle sanitário e aumentar o risco de ocultação de surtos, prejudicando a confiança internacional na defesa agropecuária brasileira.

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