Publicidade
MERCADO

Conteúdo

Agronegócio se destaca na proatividade diante da urgência da reinvenção dos negócios, diz PwC

Pesquisa revela que 44% dos CEOs do agronegócio do Brasil acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos se não se reinventarem
Por Camila Santos

Diante da urgência em acelerar a transformação estratégica nas empresas, o setor do agronegócio no Brasil se destaca pela proatividade. Nos últimos cinco anos, as empresas do agro se empenharam na realização de parcerias com outras organizações, desenvolvimento de produtos ou serviços inovadores, além da ampliação da base de clientes acima da média nacional. Os dados estão no recorte setorial da 28ª edição da Global CEO Survey, pesquisa que ouviu mais de 4,7 mil líderes em mais de 100 países, incluindo Brasil.

A pesquisa revela que 44% dos CEOs do agronegócio do Brasil acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos se não se reinventarem, um aumento expressivo em relação aos 31% registrados na pesquisa anterior. Os dados se refletem nas ações de reinvenção dos CEOs nos últimos cinco anos: 54% dizem que foram em busca de uma nova base de clientes, 48% desenvolveram produtos ou serviços inovadores e 44% firmaram parcerias com outras organizações.

Os dados mostram uma movimentação acima da média nacional em todas as ações de reinvenção apontadas na pesquisa, mas de acordo com Maurício Moraes, sócio e líder do setor de agronegócio da PwC Brasil, a realização de parcerias se destaca por estar 11 pontos percentuais acima dos 33% registrados na média entre todos os setores do país.

“Esta é uma ação que se conecta com o trabalho de inovação aberta que realizamos no PwC Agtech Innovation. Participar do ecossistema de inovação aberta permite às empresas estarem na fronteira da inovação do Agronegócio, possibilitando a experimentação e o desenvolvimento de soluções alinhadas com as tendências do mercado e do setor”, afirma, Maurício Moraes.

Como referência, 82% dos players ouvidos pelo Termômetro da Inovação Aberta no Agro, estudo lançado pelo PwC Agtech Innovation no final do ano passado, estão presentes em pelo menos um hub de inovação e 54% participam de dois ou mais.

Otimismo e ameaças

A 28ª edição da CEO Survey também demonstra a confiança do setor do agronegócio em relação ao crescimento da economia nacional nos próximos 12 meses: 76% dos líderes acreditam em aceleração econômica do Brasil. Em relação ao crescimento da receita dos próprios negócios, porém, o setor demonstra mais cautela: 48% dos CEOs do agronegócio acreditam no aumento de receitas, enquanto a média brasileira é de 50%.

Em relação aos próximos três anos, também houve uma alta expressiva na confiança entre os CEOs de Agro (de 57% em 2024 para 66% em 2025), enquanto a média nacional registrou uma queda acentuada (de 62% em 2024 para 54% em 2025).

Embora haja otimismo no agronegócio do Brasil, as mudanças climáticas são apontadas como a principal ameaça ao setor. 56% dos líderes apontam que este é o maior fator de risco para os seus negócios nos próximos 12 meses, percentual significativamente maior que a média nacional de 21%.

“Ao lidar com os impactos do clima, as empresas do agronegócio precisam mapear seus riscos de forma ampla, fazendo uso das tecnologias existentes e modelos de predição. Cada vez mais as respostas das empresas aos ricos climáticos devem estar alinhadas ao tamanho dos seus correspondentes desafios”, acrescenta Maurício Moraes.

Impacto climático positivo

Ao perguntar aos CEOs de Agro a respeito dos resultados financeiros dos investimentos com baixo impacto climático nos últimos cinco anos, 70% responderam que esses investimentos levaram à redução nos custos ou não tiveram impacto relevante nos balanços das empresas, quase o mesmo percentual da média geral no Brasil (69%).

Outro dado relevante é que 62% dos CEOs do setor (59% no Brasil) afirmaram que sua remuneração variável está vinculada a métricas de sustentabilidade. Apenas 26% dos CEOs do setor disseram que investimentos climáticos aumentaram seus custos, enquanto quase metade relata aumento de receita.

IA generativa: expectativa x realidade

No agronegócio brasileiro, 52% dos CEOs afirmam que a IA generativa resultou em ganhos de eficiência no uso do tempo dos funcionários, no mesmo nível que a média geral do país. No entanto, apenas 26% identificaram aumento na receita, enquanto a média no Brasil foi de 34%. Quando perguntados sobre o aumento da lucratividade, 24% dos CEOs do agro dizem ter registrado resultados, enquanto a média do Brasil foi de 31%.

Os resultados estão abaixo do esperado, de acordo com as projeções apontadas pelos CEOs na pesquisa do ano passado quando 46% dos líderes do setor tinham a expectativa de alcançar aumento de receita com a IA. Por outro lado, o otimismo cresceu para 2025, neste ano 61% dos executivos do setor esperam que a IA generativa impulsione a lucratividade de suas empresas nos próximos 12 meses, acompanhando a média nacional.

Maurício Moraes também chama a atenção para o dado que mostra que apenas 20% dos CEOs do agronegócio brasileiro indicam os riscos cibernéticos como uma das principais ameaças, o que contrasta com o cenário atual crescente de ataques cada vez mais sofisticados. “Só no Brasil, um terço das empresas, de todos os setores, enfrentaram perdas de pelo menos US$ 1 milhão nos últimos três anos com ciberataques e no agronegócio a ameaça não é diferente”, comenta o sócio, ao citar número da edição 2025 da Digital Trust Insights, pesquisa global realizada pela PwC.

Longevidade e resultados

Outro destaque da pesquisa é a longevidade dos CEOs do agronegócio no cargo em relação à média de todos os setores no Brasil. Os dados revelam que 42% dos executivos afirmam que esperam estar à frente do negócio por seis anos ou mais, um percentual muito maior do que o verificado nas médias do país (32%) e do mundo (30%).

Fonte: PWC, adaptado pela equipe FeedFood.

LEIA TAMBÉM:

Feira de Suinocultura e Avicultura de Pará de Minas (MG) apresenta novidades para produtores do setor

Modelo de maturidade combina dados e tecnologia para otimizar operações e enfrentar os desafios da pecuária 5.0.

Especialista fala sobre as expectativas para o crédito no agronegócio em 2025