Há uma crescente pressão mundial por práticas mais sustentáveis nos sistemas produtivos, entre elas encontra-se a saúde única e o bem-estar animal. Com base na ideia de que os animais tenham uma vida que vale a pena ser vivida, a produção animal, no geral, está cada vez mais questionada pela sociedade. O animal cada vez menos é visto como um objeto ou uma propriedade, mas sim como um ser senciente, que sente dor e emoção e está sujeito ao sofrimento. Concomitantemente, a estimativa de crescimento populacional para 9,7 bilhões de pessoas no mundo, em 2050, exigirá um aumento entre 70 a 119% da atual produção de alimentos (GODFRAY et al. 2010; GERBER et al. 2013; BERNERS-LEE et al. 2018). Somado a isso, a produção animal ainda sofre pressão para reduzir o uso de medicamentos, especialmente antibióticos (O’NEILL, 2015).
O bem-estar animal e o uso de probióticos na nutrição
Os produtores precisam ser mais eficientes e produtivos, enquanto reduzem o uso de medicamentos e o impacto ambiental, além de melhorar o bem-estar animal e a segurança alimentar (DAWKINS, 2017). O bem-estar animal pode ser visto como meio para que o sistema de produção seja defensável eticamente e aceitável socialmente, uma vez que os consumidores desejam consumir proteína de origem animal com qualidade diferenciada, isto é, proveniente de animais que foram criados, tratados e abatidos em sistemas que promovam o seu bem-estar, e que sejam ambientalmente corretos (VERCORE et al. 2000; FRASER, 2001).
Tendo em vista o aumento da demanda dos consumidores por produtos mais sustentáveis e barreiras não-tarifárias impostas pelos países importadores de produtos de origem animal, a avicultura de corte no Brasil se viu diante de um desafio, frente a utilização de antibióticos como promotores de crescimento nas dietas de frangos, que antes era muito utilizado neste sistema de produção (MEDEIROS et. al. 2009).
Há uma preocupação crescente sobre este tema, pois sabe-se que tais drogas colaboram para o surgimento de cepas bacterianas multirresistentes, por outro lado segundo Langhout (2005), a retirada gradativa dos antibióticos promotores de crescimento reduzirá o desempenho técnico e lucratividade do setor avícola. Uma vez que estas aves ao nascerem possuem uma microbiota intestinal pouca desenvolvida devido à ausência de contato com uma microbiota natural, afim de garantir a inocuidade destas até a chegada nas granjas de criação (SILVA, 2000).
Diante deste cenário, as pesquisas no setor avícola passaram a ter um novo enfoque buscando desenvolver alternativas que auxiliem na melhora do desempenho animal, mas que sejam inócuos para o animal e para o homem e que atendam às exigências dos protocolos de bem-estar animal, associado à produtividade (DIBNER; RICHARDS, 2005). De acordo com Fleming e Freitas (2005), os transtornos entéricos dos animais associados à proibição do uso dos antibióticos promotores de crescimento levaram a utilização de microrganismos desejáveis, que povoam o trato digestivo, associados a fatores que favorecem a multiplicação desses, proporcionando condição de equilíbrio. Estes microrganismos são os pertencentes ao grupo dos probióticos.
A suplementação de probióticos nas dietas pode produzir vários efeitos benéficos no corpo do animal, que variam desde a prevenção de doenças a redução de estresse e comportamentos de ansiedade, estes efeitos são observados com maior intensidade quando se utiliza cepas de probióticos capazes estimular a produção de alguns neurotransmissores (ALMEIDA PAZ et al. 2017). A serotonina é um dos neurotransmissores responsáveis pela sensação de felicidade, e cerca de 95% dele é produzido nos intestinos. Assim, quanto melhor é a integridade da mucosa intestinal, maiores são os teores de serotonina produzidos, auxiliando na diminuição do estresse (GILL et al. 2008).
O trabalho completo foi apresentado durante a Conferência FACTA WPSA-Brasil 2021, pela professora Ibiara C. L. Almeida Paz, diretora de cursos e publicações da FACTA.
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Fonte: A.I.
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