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AQUICULTURA

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Pesquisadores avançam em técnica para reprodução artificial do pirarucu

Estudo da Embrapa possibilita aumento da produção de alevinos e prepara terreno para a criopreservação de sêmen da espécie
Por Equipe Feed&Food

Pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO), deram um grande passo na reprodução artificial do pirarucu (Arapaima gigas), uma espécie amazônica ameaçada de extinção. Pela primeira vez, foi possível descrever e analisar as células espermáticas do peixe, possibilitando a coleta de sêmen de maneira eficiente. “Esse é mais um marco em uma pesquisa que já dura nove anos e agora foca na criopreservação de material genético para a conservação e reprodução artificial da espécie”, afirmou Lucas Torati, líder do estudo. A pesquisa é um dos maiores avanços científicos para a domesticação dessa espécie, essencial para a aquicultura e a gastronomia.

Um dos maiores desafios enfrentados pelos pesquisadores foi a dificuldade de identificar machos e fêmeas do pirarucu, o que comprometia o manejo reprodutivo em cativeiro. Para resolver esse problema, foi desenvolvido um método de canulação, onde um tubo estreito é inserido no “oviduto” do peixe para determinar o sexo e o grau de maturidade das fêmeas. A adoção dessa técnica permitiu que piscicultores, como Moisés Zorzeto Neto, aumentassem consideravelmente a produção de alevinos, de duas para até sete reproduções anuais. “Com a técnica, esse número subiu para até sete”, relatou Zorzeto, que utiliza a inovação para melhorar a eficiência do seu manejo.

A equipe da Embrapa também superou outro grande obstáculo: a coleta de sêmen. Inicialmente, o sêmen de pirarucu estava sendo contaminado com urina, comprometendo a fertilização. Depois de vários testes, os pesquisadores conseguiram desenvolver uma técnica de coleta de sêmen sem contaminação. “Esse foi o principal resultado do projeto Aquavitae”, explicou Torati. A técnica envolveu o bloqueio do canal urinário para garantir que o esperma fosse coletado de forma limpa, uma inovação crucial para a reprodução artificial da espécie.

Identificação de sexo e coleta de sêmen de pirarucu abrem caminho para criação em cativeiro (Foto: Divulgação)

Além de resolver a questão da coleta de sêmen, o estudo também forneceu detalhes inéditos sobre a anatomia do espermatozoide do pirarucu, com flagelos ricos em mitocôndrias, e sobre o tempo de motilidade do material genético. O próximo objetivo dos cientistas é determinar o momento ideal de ovulação das fêmeas para realizar a fertilização artificial de forma eficaz, utilizando a nova técnica de coleta de sêmen. A longo prazo, os pesquisadores planejam investigar a criopreservação do sêmen do pirarucu, permitindo sua utilização em reprodução controlada durante todo o ano.

O projeto Aquavitae, que reúne 29 instituições de 16 países, tem como objetivo impulsionar a aquicultura na região Atlântica, incluindo o desenvolvimento de técnicas para a domesticação de espécies como o pirarucu. O avanço nas pesquisas não só representa uma revolução no manejo do pirarucu em cativeiro, mas também pode contribuir para a conservação da espécie e o aumento da oferta de alevinos, atendendo à demanda crescente do setor produtivo.

Fonte: Embrapa, adaptado pela equipe FeedFood.

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