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Sustentabilidade e biotecnologia na pecuária

Práticas de manejo avançadas e soluções biotecnológicas impulsionam a eficiência e reduzem impacto ambiental no setor pecuário
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Camila Santos I [email protected]

A pecuária brasileira passa por uma transformação que alia produtividade com sustentabilidade, promovida por práticas de manejo inovadoras e o uso de biotecnologia. Especialistas e empresas do setor estão concentrados em desenvolver soluções que aumentem a eficiência no campo e, ao mesmo tempo, reduzam o impacto ambiental. Guilhermo Congio, pesquisador do Noble Research Institute, ressalta que práticas como a correção e adubação do solo, o manejo por altura da pastagem e a integração com outros sistemas de produção, como a ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), têm impulsionado a produtividade no Brasil. Segundo ele, “a redução da área de pastagens e o aumento simultâneo na produção de carne e leite mostram uma melhoria clara na eficiência”.

Guilhermo Congio é pesquisador do Noble Research Institute (Foto: Divulgação)

Além das práticas de manejo, Congio destaca que o aumento de produtividade depende de um equilíbrio cuidadoso entre oferta e demanda de alimento nos sistemas de produção, o que pode ser feito por meio de suplementação animal estratégica. Ele explica que a adoção de um manejo de pastagem baseado na altura adequada pode aumentar a produtividade animal entre 20% e 50%, sem acarretar custos adicionais. “Essa prática permite uma diminuição dos custos operacionais na mesma proporção do aumento de produtividade, evidenciando que uma gestão criteriosa dos recursos é essencial para obter retorno econômico”, aponta que ressalta que a análise dos gráficos que demonstram a produção por hectare também ilustra como, ao longo dos anos, a pecuária evoluiu, alcançando maior rendimento em menos área, fortalecendo o papel das tecnologias de manejo sustentável.

Pastagens bem manejadas seguem como a alternativa mais econômica para a alimentação de bovinos, além de serem eficazes no armazenamento de carbono, contribuindo para a mitigação de gases de efeito estufa. O professor Ivan Jannotti Wendling, da UFES, observa que, apesar da aparência robusta, as pastagens são ecossistemas complexos que exigem um equilíbrio cuidadoso entre clima, solo, plantas e animais. “Qualquer desequilíbrio pode comprometer a produtividade e levar à degradação das pastagens. Técnicas como o pastejo rotativo e a adoção de gramíneas tropicais com alta capacidade de produção de biomassa seca, como Mombaça e BRS-Zuri, são fundamentais para prolongar a vida útil das pastagens e aumentar a produtividade. Essas práticas, associadas à adubação e irrigação, garantem um acúmulo constante de forragem, permitindo uma maior taxa de lotação animal e aumento da produção de carne e leite por hectare”, afirma.

O professor Ivan Jannotti Wendling, da UFES (Foto: Divulgação)

Ele acrescenta que, para otimizar o desempenho da pecuária de corte, é essencial adotar práticas adicionais para cada época do ano, como suplementação mineral, mineral-proteica e mineral-proteica-energética, ajustadas de acordo com a condição da pastagem e o clima. “Tais métodos contribuem para um aumento do ganho de peso diário e para a redução da idade de abate, liberando as pastagens para novos lotes de animais e melhorando a taxa de desfrute e o giro de capital. Esse conjunto de tecnologias permite que o sistema se torne altamente atrativo, pois eleva o retorno financeiro ao mesmo tempo que promove um sistema de produção mais sustentável”, comenta Wendling que afirma que “esse esforço combinado se reflete nos resultados concretos, com o peso médio da carcaça de machos aumentando 20% nos últimos anos, de 16,4@ em 1997 para 19,7@ em 2023”.

Para acompanhar essa evolução, empresas como a GRASP têm desenvolvido produtos biotecnológicos que melhoram o desempenho animal e que respondem à demanda por sustentabilidade. De acordo com Rafael Canonenco de Araujo, gerente de P&D da GRASP, a empresa utiliza processos sustentáveis e matérias-primas renováveis para criar soluções de nutrição animal que minimizam o impacto ambiental. Um exemplo é o microencapsulamento, tecnologia que protege os princípios ativos dos nutrientes, liberando-os de forma controlada e aumentando sua eficácia. “A biotecnologia permite que produtos naturais substituam o uso de antibióticos, promovendo uma pecuária mais saudável e sustentável”, destaca.

Rafael Canonenco de Araujo, gerente de P&D da GRASP (Foto: Divulgação)

Ele afirma que as soluções biotecnológicas da GRASP, como os óleos essenciais da linha Activo e as leveduras da linha Bgmos, melhoraram a saúde intestinal dos animais, garantindo um melhor aproveitamento de nutrientes e aumentando a conversão alimentar. “Estimativas recentes indicam um aumento de 20% no peso médio da carcaça de machos no Brasil, que subiu de 16,4@ em 1997 para 19,7@ em 2023, ilustrando os ganhos trazidos por uma abordagem integrada e sustentável”.

Para ele, com o uso de tecnologias e práticas de manejo baseadas em conhecimento técnico, a pecuária brasileira se torna mais competitiva, preservando o meio ambiente e promovendo um uso responsável dos recursos. “A sustentabilidade na pecuária começa com o reconhecimento da pastagem como um ecossistema sensível, exigindo alto nível de conhecimento e investimento tecnológico para garantir resultados duradouros”, conclui Wendling.

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