Alexandre Siqueira é zootecnista e Gerente da Unidade de Negócios Ruminante da Polinutri
Toda atividade de negócio só faz sentido quando visa lucro. E no campo, quando pensamos em engorda e terminação isso não é diferente, independente do sistema adotado. Com custos cada vez mais altos a margens cada vez mais apertadas é necessário fazer conta desde o início e definir a estratégia que será adotada na operação.
A dificuldade é que o produtor muitas vezes não enxerga dessa forma e segue o manejo que sempre fez, mas dependendo do preço da reposição e dos insumos ele pode perder ou empatar o dinheiro no final do processo.
Na criação de gado de corte isso é mais comum, pois muitos criadores não tem a atividade como única fonte de renda e olha o negócio da seguinte forma: retorno final versus investimento inicial. Entretanto, por ser uma atividade de ciclo longo que só remunera no final, se não houver atenção a todo o processo ele poderá perder o lucro da operação. Por isso a necessidade de observar todos os elos deste ciclo produtivo sem deixar de lado os índices zootécnicos para conseguir a margem final desejada.
Dito isso, quando falamos “o olho do dono é que engorda o gado” o significado da máxima nos faz pensar no acompanhamento próximo de todas as etapas da produção pecuária. No entanto, além de olhar a operação, é necessário acompanhar o mercado, pois a compra da reposição e dos insumos constituem o todo.
Ao falarmos dos índices zootécnicos não significa que os melhores trazem o melhor resultado econômico, muito pelo contrário, definem como iremos trazer os resultados financeiros positivos. Ou seja, não adianta ter elevado ganho de peso se o boi terminar em um período de preço de venda ruim, terminar ele rápido pode ser sinônimo de prejuízo, pois terá um péssimo retorno na venda imediata. Outro caso é a retenção dos animais. Caso o pecuarista resolva segurar a venda a situação pode se agravar, pois a diária de boi terminado é mais cara. Em suma, se terminou o boi antes do desejado tem que vender e se contentar com retorno menor. Manter esse boi até chegar o preço desejado pode consumir toda a margem, neste caso, se tivesse ganho de peso menor com diárias mais baratas conseguiria manter o boi mais tempo e esperar o momento ideal de venda sem onerar no custo, isto porque ganhar um quilograma de carne é mais barato que ganhar um kg de gordura.
Esse pensamento se repete em todos os sistemas quando pensamos em crescimento e ganho de peso. Por isso entender de forma milimétrica o processo aliado à genética e manejo são as bússolas para saber o quão economicamente viável será o sucesso do negócio.
Fonte: Alexandre Siqueira.