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Controle do Mycoplasma hyopneumoniae em suínos: um desafio persistente

Estratégias avançadas são discutidas no SBSS para minimizar o impacto no Brasil
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Natalia Ponse, de Chapecó (SC)

No segundo dia do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), em 14 de agosto em Chapecó (SC), a Dra. Maria Pieters, renomada especialista em suínos e diretora do Centro de Erradicação de Doenças Suínas da Universidade de Minnesota, apresentou a palestra “Mycoplasma hyopneumoniae: por que ainda causa tanto impacto sanitário? Estratégias para manter um equilíbrio no sistema de produção”. A palestra destacou a persistente ameaça que a infecção por Mycoplasma hyopneumoniae representa para a produção suína no Brasil e em outros países.

A Dra. Maria Pieters é uma autoridade internacional no estudo do Mycoplasma hyopneumoniae. Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Central da Venezuela, possui doutorado pela Universidade de Minnesota e pós-doutorado pelo Instituto de Biologia Genômica da Universidade de Illinois. Atualmente, ela é professora associada e principal investigadora do Laboratório de Pesquisa de Mycoplasma na Universidade de Minnesota, além de dirigir o Centro de Erradicação de Doenças Suínas na mesma instituição.

De acordo com a Dra. Pieters, um dos principais desafios é a lenta transmissão da bactéria, o que dificulta a detecção precoce e o controle eficaz da doença. “Sabemos que o momento ideal para intervenção é antes que os animais apresentem sintomas, como tosse. A colonização geralmente ocorre a partir das matrizes, o que torna essencial o controle rigoroso desde as fases iniciais de produção”, explicou.

Maria Pieters alertou sobre a necessidade de pensar na infecção por Mycoplasma como parte de uma estratégia de controle integrada (Foto: FeedFood)

Pieters ressaltou a importância do diagnóstico preciso, apesar das limitações. “O diagnóstico de Mycoplasma melhorou muito ao longo dos anos, mas ainda não é perfeito. Isso se deve, em parte, à lenta progressão da infecção e à dificuldade em detectar o patógeno em testes comuns, como PCR e ELISA”, destacou a especialista.

Além disso, a resistência e a reinfecção foram temas centrais discutidos durante a palestra. A pesquisadora apresentou dados que indicam a possibilidade de reinfecção em matrizes de alta paridade, o que representa um desafio contínuo para o controle da doença nas granjas. “Mesmo em granjas positivas para Mycoplasma, nem todas as matrizes estão infectadas o tempo todo. Isso exige estratégias diferenciadas de controle e monitoramento”, afirmou.

Outro ponto levantado pela Dra. Pieters foi a eficácia das estratégias de aclimatação de fêmeas. “A climatização de matrizes a longo prazo tem se mostrado uma estratégia eficaz para controlar a propagação do Mycoplasma, mas deve ser combinada com outras práticas de manejo para garantir a saúde do rebanho”, orientou.

A palestra foi um chamado à ação para que os produtores e técnicos brasileiros adotem uma abordagem mais proativa e rigorosa no controle do Mycoplasma hyopneumoniae, visando a saúde e a produtividade da suinocultura nacional. “Precisamos pensar na infecção por Mycoplasma como parte de uma estratégia de controle integrada, adaptada às especificidades de cada sistema de produção”, concluiu.

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