A Evonik Sciencing Academy, em Araxá, reuniu líderes em nutrição de vacas leiteiras de Minas Gerais para discutir as principais tendências globais na produção de leite. Entre os tópicos abordados estavam a concentração do mercado em grandes players, a redução do impacto ambiental e o aumento na produção de produtos lácteos com maior valor agregado.
O diretor Regional de Negócios e Soluções para Ruminantes da Evonik, Tales Lellis, enfatizou a rápida transformação da pecuária leiteira. “A pecuária leiteira está em constante evolução globalmente. Não podemos mais operar isoladamente do mercado mundial. É essencial compreender suas dinâmicas para permanecermos competitivos”, afirmou Lellis.
Lellis destacou que a reunião de influenciadores da cadeia produtiva visou compartilhar informações e enfrentar os desafios do setor. “Essa iniciativa está alinhada com as diretrizes da Evonik de compartilhar conhecimento e fomentar o desenvolvimento da cadeia produtiva”, reforçou.
Eduardo Valias Vargas, consultor da Happy Treinamentos e Consultoria, destacou a necessidade de um novo posicionamento diante das mudanças. “Estamos passando por uma grande transformação, focando muito na produção interna e pouco no mercado. Pela primeira vez, seis gerações convivem e influenciam os hábitos alimentares. É uma mudança significativa”.
Valias ressaltou a importância social da produção de alimentos, mencionando que 811 milhões de pessoas sofreram de fome crônica em 2021. “O leite é uma fonte de proteína acessível e nutritiva. Com a população mundial em constante crescimento, especialmente em países mais pobres, a demanda por leite aumentará proporcionalmente”, afirmou.
Ele também mencionou que a urbanização crescente e o aumento da expectativa de vida favorecem o consumo de leite. “O leite é um alimento para todas as idades”. Nesse contexto, Valias enfatizou o papel do Brasil em alimentar uma população global crescente, destacando o crescimento do agronegócio brasileiro entre 2003 e 2018.
Concentração de mercado
Uma das tendências observadas nos Estados Unidos é a concentração do mercado em grandes fazendas. “Lá, há menos de 30.000 fazendas de leite, com grandes operações. O Brasil está seguindo essa tendência. Embora isso torne o mercado mais competitivo, aqueles que se capacitarem e melhorarem a produção permanecerão na atividade”, explicou Valias.
Valias sugeriu que o setor brasileiro deveria focar na produção de produtos lácteos com maior valor agregado. “Atualmente, há três principais eixos globais: Nova Zelândia exporta leite em pó, os Estados Unidos exportam soro de leite e derivados, e a Europa exporta queijos. O Brasil precisa se tornar um hub de exportação de queijos”, observou.
Ele também ressaltou a importância de ampliar as exportações brasileiras de produtos lácteos. “Desde 1990, a produção de leite no Brasil tem crescido. No entanto, sempre que atingimos 35 milhões de litros anuais, o preço cai devido à falta de exportações. Precisamos agregar valor ao leite e exportar mais para superar essa barreira. Atualmente, nosso principal destino já é o queijo”, concluiu.
Fonte: Evonik, adaptado pela equipe FeedFood.
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