Natalia Ponse | [email protected]
“O setor está amadurecendo e criando condições para ter um crescimento sólido, não só a nível de produção, mas de cadeia produtiva”. Foi com essa fala que o presidente do Sindicato da Indústria da Pesca no Estado de São Paulo (Sipesp), Roberto Kikuo Imai, abriu os trabalhos durante o lançamento do Anuário Brasileiro da Piscicultura Peixe BR 2024.
Para aqueles imersos nos ambientes do agronegócio, é cristalino que a piscicultura brasileira desempenha um papel significativo na economia do país, contribuindo de maneira substancial para o crescimento e a estabilidade do setor agropecuário. Com vastos recursos hídricos e um clima favorável, o Brasil possui um enorme potencial para a produção de peixes.
A prova disso está no relatório divulgado pela Peixe BR. Analisando o período de 2014 a 2023 (quase 10 anos de dados), a produção cresceu 53% – uma média anual de 5,33%. Somente em 2023, foram mais de 887 mil toneladas produzidas, em diversas regiões do Brasil.
A tilápia participou com mais de 579 mil toneladas (65,3% do total), os peixes nativos contribuíram com quase 263.5 mil toneladas (29,7% do total) e as outras espécies (carpa, truta e pangasius) atingiram cerca de 44.5 mil toneladas (5% do total). O Paraná ampliou a liderança em produção, assim como a região Sul mantém-se à frente, já representando 1/3 do total nacional.
“Foi um ano bom, mas, também foi o período em que registramos os maiores desafios em sanidade e nas questões climáticas, o que acabou impactando os resultados, com um crescimento abaixo da média histórica”, resume o presidente Executivo da Peixe BR, Francisco Medeiros.
Sanidade e clima: os gargalos de 2023
Durante a coletiva de imprensa realizada em São Paulo (SP), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e também online, Francisco Medeiros elegeu o vírus de necrose infecciosa esplênica e renal (ISKNV) como um dos vilões na piscicultura, nos últimos anos.
“A indústria respondeu prontamente a este desafio com a produção de vacinas; a Peixe BR criou o Guia de Biosseguridade; e o produtor, junto às empresas associadas, implementou dispositivos para este enfrentamento”, conta Francisco.
Outra ameaça à produção em 2023 foi o clima – mais precisamente, a falta de água. Conforme explanou o líder da Peixe BR, com temperaturas muito altas, o produtor teve que reduzir a alimentação e o tempo de abate, resultando em prejuízos e problemas de reprodução. “Foi uma questão que afetou principalmente o Oeste do Paraná, mas também, registramos queda de produção na região Norte”, indica.
Ele ainda ressalta, também, o caso do Maranhão. Na contramão dos anos anteriores, o estado apresentou crescimento negativo (-2,3%) em 2023 – justificado pela falta de chuvas mas, também, pela disseminação de fake news sobre a Síndrome de Haff (conhecida como doença da urina preta, que pressionou para baixo o consumo no estado ainda que o Maranhão não tenha apresentado casos). “Foram importantes desafios, mas o setor conseguiu contorná-los”, resume Francisco.
O ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, também marcou presença na divulgação dos números pela Peixe BR. Na oportunidade, além de elogiar o trabalho da associação, ele também garantiu que as decisões das áreas de licenciamento e de cessão de áreas de águas da união serão encaradas como prioridade, conduzidas diretamente por seu gabinete.
Confira mais sobre este assunto na próxima edição da Revista FeedFood, que será lançada em março.
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