Uma união entre a Embrapa e a Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC) resultou em uma ferramenta interessante: uma calculadora que ajuda o pecuarista a selecionar os cruzamentos entre os touros reprodutores e as vacas matrizes.
A tecnologia permitirá que o criador selecione suas matrizes com base em informações das avaliações genéticas atualizadas, inclusive aprimoradas pela genômica quando for o caso, e escolha possíveis reprodutores para a cruza, tanto dentro de seu rebanho quanto entre touros de outros pecuaristas ou de centrais de inseminação.
Dessa forma, o produtor poderá visualizar quais resultados os cruzamentos irão gerar em relação a cada uma das DEPs (diferença esperada na progênie) disponíveis pelo programa de melhoramento genético da ANC (Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne, Promebo).
A calculadora permite que o criador selecione as matrizes que ele quer cruzar com os reprodutores, tanto dele como de outros que tenham sêmen disponível para inseminação artificial.
“Assim, será possível prever qual vai ser o resultado de cada um dos touros que ele escolher, com as vacas que ele tem. Com isso, o criador vai saber o desempenho esperado nos filhos desse acasalamento e, comparando cada um dos acasalamentos, ele pode escolher qual o mais adequado”, explica o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso.
Ele explica que a calculadora também permite prever e evitar resultados negativos nos acasalamentos – ou seja, o pecuarista pode escolher características para evitar que os animais tenham um desempenho desfavorável.
Por exemplo, um animal com peso ao nascer muito alto, que pode dar problema de parto, um animal que tenha o umbigo ou o prepúcio do macho muito comprido, e pode dar lesão, a questão da ausência de pigmentação ocular para as raças Hereford e Braford, etc.
“Ele pode evitar um desempenho ruim em características importantes, o que chamamos de caracterizar o nível de problema esperado e as chances de descarte involuntário dos animais que serão gerados. Assim, conseguimos minimizar o nível de problema e maximizar os índices e o valor genético dos animais”, destaca Cardoso.
Um algoritmo também propõe as melhores combinações para os animais selecionados pelo pecuarista. Em vez de definir o acasalamento avaliando os dados manualmente, a ferramenta também pode fazer uma indicação de melhor cruza.
“Essa indicação, logicamente, pode ser adotada ou não, afinal lá no campo, na prática, é o criador que decide o touro que ele vai acasalar com a vaca, mas nós provemos todo esse nível de informação para que ele possa tomar a melhor decisão possível”, completa Cardoso.
Outra função importante da calculadora é fornecer o nível de consanguinidade entre os animais escolhidos para o acasalamento. Este limiar deve ser mantido baixo, para evitar problemas reprodutivos, de adaptação e a manifestação de defeitos genéticos recessivos.
Esse algoritmo foi desenvolvido no âmbito do mestrado em computação aplicada à agropecuária, desenvolvido por meio de parceria entre a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e a Embrapa.
“É uma ferramenta que simplifica o balanceamento entre diferentes índices na busca de um objetivo. É mais um passo para aprimorar a seleção dos rebanhos. Fazemos tudo o que está ao nosso alcance para facilitar a vida do criador e simplificar o uso de dados do nosso programa de melhoramento genético”, comenta o presidente da ANC, Joaquin Villegas.
Fonte: Embrapa, adaptado pela equipe FeedFood.
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