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AQUICULTURA

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Pesquisa da Embrapa reduz ciclo de produção do tambaqui de 12 para 9 meses

Equipe ressalta "enorme potencial" do Brasil no sistema de tanques-rede
Por feedfood
feedfood@feedfood.com.br

A Embrapa conseguiu dois importantes avanços para o sistema de criação do tambaqui em tanques-rede durante um experimento conduzido em Palmas (TO). Houve redução no ciclo de cultivo da espécie e na conversão alimentar.

O ciclo de cultivo da espécie, que ocorre em um tempo médio de 12 meses, foi concluído em 9 meses. Já a quantidade de quilos de ração que o animal consome para ganhar 1 kg de peso foi de 1,74, quando normalmente é maior que 2. 

Os números referem-se a tambaquis com peso final de 1 kg. E a melhora em ambos os índices sinalizam o aprimoramento da criação de tambaqui, que é a espécie nativa mais produzida no País e a segunda de maneira geral (perdendo apenas para a tilápia, Oreochromis niloticus), em um sistema ainda pouco utilizado na aquicultura, o tanque-rede.

Os especialistas da Embrapa ressaltam o enorme potencial do Brasil nesse sistema, sobretudo por conta dos reservatórios de hidrelétricas construídas em rios da União. Além disso, o tambaqui é a segunda espécie mais produzida no Brasil. Entre as nativas, é a principal. 

O Anuário Brasileiro da Piscicultura, publicação editada pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), traz as espécies nativas como um dado agrupado. Os números de 2022 indicam que, das 860 mil toneladas produzidas no País, 267 mil toneladas foram de peixes nativos, sendo a maioria tambaqui. Houve pequeno avanço de 1,8% na produção de 2021 para o ano passado.

Além das melhorias nos índices chamados zootécnicos, demonstrando que o tambaqui cresceu de maneira mais eficiente e em menos tempo, a parte econômica também mostrou-se favorável. Quando consegue vender sua produção diretamente ao consumidor, mesmo no cenário de menor valor pago, o piscicultor não tem prejuízo financeiro. Foi o que mostrou a pesquisa realizada em parceria com a Associação Bom Peixe, que agrega piscicultores em Palmas.

O pesquisador na área de economia aquícola da Embrapa Pesca e Aquicultura, Manoel Pedroza, explica que o custo de produção em tanque-rede ainda é um pouco mais elevado do que em viveiro escavado. “O valor a que chegamos é em torno de R$ 9,80 por quilo de tambaqui em tanque-rede. E hoje esse valor é aproximadamente o mesmo que as indústrias estão pagando pelo tambaqui”, declara. Com isso, vem a necessidade de agregação de valor ao tambaqui. “Na venda direta, com agregação de valor, é possível que o produtor tenha sucesso”, completa Tavares. 

A agregação de valor também está relacionada a um peixe em que sejam possíveis diferentes tipos de corte, como a banda de tambaqui, filé sem espinhas, costela e lombo sem espinhas. “Outra vantagem é que, em locais com alta renovação de água como o tanque-rede, a probabilidade de ter off-flavor, ou gosto de barro, é menor do que no viveiro escavado”, diz a pesquisadora Flávia Tavares de Matos, que atua na Embrapa Pesca e Aquicultura. Ela lembra ainda que o tambaqui é uma espécie nativa; portanto, há um apelo natural do consumidor, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste.

No entanto, existem ajustes no manejo que o produtor precisa fazer para também obter os resultados do experimento. “Primeiramente, ele tem que adotar a densidade de estocagem que a Embrapa recomenda nas três diferentes fases. Para isso, o piscicultor deve organizar um cultivo trifásico”, detalha Matos. 

O protocolo elaborado pela Embrapa detalha cada fase: a primeira corresponde aos alevinos (animais jovens) de 50 g a 200 g; a segunda fase engloba os alevinos com peso entre 200 g e 500 g; e a terceira com peixes de 500 g a 1 kg. A orientação quanto à estocagem é usar tanques de 48 m³ (com medidas de 4 m X 4 m X 3 m) sob densidades de, respectivamente, 24 kg/m³ na primeira fase, 32 kg/m³ na segunda e, na terceira fase, 40 kg/m³.

Tavares recomenda que a cada mudança de fase, o produtor faça a classificação dos peixes em pequenos, médios e grandes e adote a densidade de estocagem que a Embrapa preconiza para cada grupo. Essa separação por tamanho, e os resultados das biometrias mensais, é fundamental para que a densidade de estocagem seja ajustada e para que não ocorra competição entre os animais quando estiverem se alimentando. A consequência é que os lotes ficam mais homogêneos e, portanto, comercialmente mais atrativos.

O sistema de criação de tambaqui em tanques-rede em pequena escala será lançado pela Embrapa durante a 23ª edição da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins, a Agrotins. 

Fonte: Embrapa, adaptado pela equipe FeedFood.

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