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Relatório FGV: cresce formalização e falta mão de obra

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Embora as vagas sem carteira assinada continuem a ser predominantes no campo, dentro e fora da porteira, o mercado de trabalho no agronegócio está ficando mais formalizado. Nos últimos três anos, o setor gerou 359,6 mil empregos formais e encerrou 15,47 mil vagas informais.

As informações são de um levantamento do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro), que elaborou o trabalho a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C).

O período analisado foi o de 2019 a 2022 (a instituição considerou esse intervalo para tomar como base o último ano antes do início da pandemia de Covid-19). Nesses anos, a taxa de formalidade no agronegócio passou de 38,4% para 40,1% – o maior percentual da série histórica da PNAD-C, que começa em 2016.

Ao todo, 13,96 milhões de pessoas trabalhavam na agropecuária e nas agroindústrias em 2022; em 2019, o contingente era de 13,62 milhões, de acordo com a média móvel dos quatro trimestres de cada ano. 

A tendência de crescimento dos empregos no setor já havia aparecido em uma análise feita recentemente pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), que cruzou dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD). O estudo mostrou um número de trabalhadores no setor ainda maior: 18,97 milhões de pessoas, ou 2,7% a mais do que em 2021.

Os valores atestam que as vagas com carteira assinada direcionaram o crescimento dos postos de trabalho no setor, que tem ampliado a contratação de trabalhadores e oferecido vagas mais qualificadas, ainda que a taxa de informalidade no campo siga maior que a do conjunto da economia (e que continuem os registros de casos de trabalho análogo à escravidão, mesmo na cadeia de grandes empresas).

O coordenador do estudo e pesquisador do FGVAgro, Felippe Serigatti, avalia que a formalização do trabalho no campo está ligada ao crescimento da renda no setor nos últimos anos.

Apesar dos vários choques recentes, como pandemia, quebra de safra após a seca histórica de 2021 e crise na oferta de fertilizantes agravada pela guerra na Ucrânia, o agronegócio brasileiro continuou crescendo graças ao aumento dos preços das commodities tanto em reais como em dólares. “Os preços foram bem favoráveis. Isso elevou a margem dos produtores e permitiu investimentos e incorporação de tecnologia”, diz.

Se até pouco tempo atrás a tecnificação no campo expulsava trabalhadores com baixa qualificação, agora, as novas tecnologias, principalmente as ligadas à automatização das atividades dentro da porteira, estão incorporando profissionais mais qualificados para lidar com os novos equipamentos. 

“Antes, a perda de postos de trabalho no agronegócio não era algo ruim. O setor estava liberando mão de obra para outros setores”, avalia. Essa nova mão de obra está entrando agora no mercado de trabalho formal com mais qualificação, seja com carteira assinada, seja com conta própria.

Mas, mesmo com o aumento das vagas, a percepção entre as empresas do agro e de produtores rurais é de que ainda falta mão de obra no campo. “Hoje, por exemplo, existe muita dificuldade para encontrar operador de máquina. Tem um ‘rouba-rouba’ de funcionários entre empresas”, conta o sócio da MB Agro, Alexandre Figliolino, inserindo que a saída é fornecer incentivos.

É possível que, em algum momento, as novas tecnologias provoquem efeito contrário, substituindo a mão de obra. Serigatti não descarta a possibilidade de que isso ocorra em algum momento. “Mas, hoje, a mão de obra que está sendo liberada é a menos qualificada e informal”, diz.

Seja como for, o cenário ainda é de informalidade elevada. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados Rurais (Contar), Gabriel Bezerra, afirma: “De forma geral, esse crescimento dos postos de trabalho se dá porque o agronegócio está crescendo, com exportações em alta e o PIB rural crescendo mesmo na pandemia”.

Ele acredita que também há uma parcela do agro que “está tentando buscar uma resposta aos escândalos que têm ocorrido dos casos de trabalho escravo, que têm crescido”. O nível de formalidade, porém, ainda está baixo, avalia.

Fonte: Valor Econômico, adaptado pela equipe Feed&Food.

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