Ana Catarina Veloso, de casa
A pandemia de Covid-19 modificou diversos cenários sociais e econômicos e, atualmente, exige que vários setores busquem oportunidades e soluções para problemas desencadeados ao longo dos 2 anos de crise.
Como exemplo dessas mudanças, a Sócia na Jobnutrire Consultoria Empresarial, Silvia Pastore, abordou o tema “Tendências e oportunidades no segmento de ração para aquicultura” durante a Feira Nacional do Camarão – XV ll Fenacam, que aconteceu em novembro deste ano, no Centro de Convenções de Natal, no Rio Grande do Norte. Ação teve como intuito apresentar as diversas facetas das quais os setores envolvidos continuam enfrentando desde o início da paralisação.
“A pandemia trouxe uma nova realidade, principalmente no setor Sul e Sudeste, sendo essas, as duas regiões do Brasil das quais não se tinha muito hábito de consumir pescado e, durante esses dois últimos anos, muitas famílias passaram a incluir em seus cardápios a opção”, explicou a especialista.
Silvia também ressaltou que, com a expansão do mercado, principalmente nos segmentos de camarão e tilápia, há grandes expectativas de exportação. A crescente demanda coloca os produtos em competição com bovinos, suínos e aves. Segundo os dados da Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR), a expectativa de crescimento para o setor de pescados é de 8% a 10% em 2021. O de camarão também deverá apresentar elevação, visto que projeta-se alta de 24,4%.
Mudanças no mercado
De acordo com Silvia, a expansão de mercado é consequência dos novos hábitos alimentares que muitos consumidores buscam e que tem resultado em novas empresas em funcionamento. “Hoje temos mais de 50 empresas participando desse mercado que vem se consolidando cada vez mais”, enfatizou Silvia, ao relembrar que entre os anos 80 e 90 só existiam duas empresas dominantes no setor, as quais nos dias atuais concorrem com todas as outras.
“Em todas as partes do Brasil percebeu-se que as produções, principalmente as de peixes, estavam se afastando das fábricas tradicionais, e isso fez com que houvesse um movimento de regionalização. Além disso, o movimento contribuiu para o crescimento do setor e abertura de novas vagas de emprego”, destacou, ao pontuar o período de 2000 em diante.
Entretanto, com a crise sanitária, e as consequências deixadas pela doença que alcançou muitos Países e todos os mercados do mundo, a falta insumos, materiais necessários para o manuseio dos animais e até mesmo alimentos reforçaram a importância da resiliência.
Com os orçamentos apertados e caixas com reservas baixas, uma das maneiras para se manter ativos no mercado foi diversificando os horizontes. Sendo assim, muitas fábricas de ração assumiram outros segmentos. Algumas se voltaram para a piscicultura, “da mesma forma que vários produtores de camarão buscaram outros meios de sustento e verticalização do setor”.
“A evolução dos preços de materiais básicos como milho e do farelo de soja implicaram diretamente nas fabricações das rações, sendo necessário a mudança de algumas receitas e fórmulas. Os insumos são componentes complementares de toda a fabricação de ração, eles representam de 70% a 80%, dependendo de qual segmento o produto está direcionado, tais como bovinocultura, suinocultura e aquicultura”, finalizou Silvia.
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