O crescimento econômico depende de ganhos de produtividade e eficiência que, por sua vez, baseiam-se no progresso tecnológico gerado por investimentos em inovação, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. E, sem dúvida, a excelência da produção agropecuária brasileira tem sido ancorada nos ganhos crescentes de produtividade e qualidade resultantes de inovações tecnológicas adaptadas as variadas situações de solo e clima do Brasil, enfatizando a importância do trabalho realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
No período compreendido entre 1976 e 2021, ou seja, nas últimas 45 safras, enquanto a área plantada de grãos do Brasil aumentou 88%, a produção total cresceu 447%, denotando o significativo incremento de produtividade, próximo a 191%. Isso demonstra que o País expandiu sua produção com aumento de eficiência na utilização dos recursos.
Não é sem razão que, mais uma vez, estamos produzindo uma safra recorde. Conforme os dados de fechamento da safra brasileira 2021/2022, levantados pela Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), a produção nacional de grãos será de 271,2 milhões de toneladas, valor que representa aumento de 5,65% ou 14,5 milhões de toneladas acima do ciclo anterior. Apesar das adversidades climáticas em algumas regiões produtoras, principalmente nos estados do Sul, é a maior colheita de todos os tempos.
Indo além dos números, já que o desenvolvimento da agropecuária brasileira está em consonância com o respeito ao meio ambiente e com o bem-estar dos animais e do homem. A vanguarda brasileira na produção de energia limpa e no desenvolvimento e uso de tecnologias de produção menos agressivas ao meio ambiente, como o plantio direto, o cultivo mínimo e a integração lavoura, pecuária e floresta, fazem do nosso País uma referência e um dos expoentes mundiais na implementação de técnicas e práticas de produção sustentáveis.
Temos imensos ganhos em termos de preservação ambiental, menos áreas destinadas às lavouras, por conta de uma produção diversificada, baseada no ganho de produtividade e qualidade, graças ao uso de tecnologia e a profissionalização permanente do produtor rural.
Porém, conforme se observa no Siop (Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento), do governo federal, os investimentos em pesquisa e inovação da Embrapa, que sempre giraram em torno de valores mais robustos, acima de R$ 1 bilhão, vêm caindo nos últimos anos. Em 2021, a execução dos recursos fechou em torno R$ 248,3 milhões, muito aquém da média histórica.
Os dados são taxativos quanto ao significado da pesquisa agropecuária para o constante fomento e avanço do setor agropecuário nacional, que hoje é o grande pilar de sustentação de nossa economia e determinante para a segurança alimentar. Nossas vantagens comparativas na produção agropecuária são inquestionáveis, contudo, nossa competitividade depende também da eficiência e dos custos de transação em toda a cadeia produtiva.
Buscar a liderança e o aprimoramento contínuo em termos de produtividade, qualidade, sanidade e eficiência tem de ser, portanto, uma política de governo permanente e, para tanto, investir no progresso científico e tecnológico é crucial.
Assim, vemos como fundamental apoiar e impulsionar a pesquisa agropecuária de modo que ela seja cada vez mais produtiva, inovadora e capaz de atender com eficiência às demandas setoriais do campo. Um orçamento mais robusto e equilibrado voltado para a Embrapa e demais centros e instituições de ensino e pesquisa é uma das bandeiras que a FAESP defende. Mesmo em períodos difíceis, como o recente, o setor encontrou fôlego para expandir, ofertar variados alimentos de qualidade, elevar sua competitividade e exportações, contribuindo decisivamente para a segurança alimentar mundial e o equilíbrio da economia brasileira.
Fonte: Tirso de Salles Meirelles, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP)
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