Wellington Torres, de casa
Estar conectado à internet não é mais, unicamente, um capricho da modernidade, ação se tornou essencial para, de alguma forma, pertencer à sociedade. E hoje, no Dia Nacional do Pecuarista, que tal conhecer profissionais que cravam seus espaços nas redes sociais?
Com uma vasta gama daqueles que são chamados de influenciadores digitais, seria até difícil de imaginar que a pecuária brasileira também não contasse com os seus representantes, como é o caso do pecuarista Bruno Machado. Profissional é responsável pelos perfis @pecuariasustentavel e @nelorebm.
“Antes da criação do @pecuariasustentavel, sempre compartilhei fotos e vídeos da nossa pecuária com outros perfis, em especial com o @vidanocampo. Em um certo dia, em conversa com o administrador daquele perfil, me foi sugerido que criasse um voltado para o setor. Logo depois daquela conversa, foi feito”, explica Machado, que assumiu a gestão das fazendas da família em 2015.
Para ele, a iniciativa tem como intuito levar e buscar informações sobre o setor, em especial, o agronegócio brasileiro, como um todo. “Estar conectado e ter seu negócio na internet não é um modismo passageiro. É difícil imaginar alguém, nos dias de hoje, que não esteja nas redes sociais. Por mais que não tenha uma conta no Facebook, por exemplo, alguém da família ou trabalho o conecta, já que o conceito é este mesmo, uma rede de conexão”, conta o pecuarista que, em sua conta @pecuariasustentavel já possui mais de 300 mil seguidores.
União de mundos
Também, num movimento de fora para dentro da pecuária brasileira, Andressa Biata (@abiata), há três anos, deixou uma empresa de publicidade, na cidade de Campinas (SP). “Minha mãe solicitou, por meio de um ultimato que, se eu e minha irmã não ajudássemos a fazenda seria vendida. Então, topei o desafio, larguei tudo e hoje estou no Mato Grosso do Sul, tocando o negócio numa gestão compartilhada, para iniciar o processo de sucessão”, relata a também pecuarista.
Para a profissional, o processo de expor ações corriqueiras de sua função não foi um ato difícil de ser iniciado. “Eu sempre gostei do Instagram e quando mudei para a fazenda, optei por um processo de imersão que durou seis meses, vivendo nas dependências do local. Nesse processo, postava dando comida ao gado e outras fotos dos animais”, pontua, ao relembrar, em tom de brincadeira, a fala de uma amiga: “Ela comentou que estava muito engraçado o feed dela, pois havia várias postagens com ‘looks do dia’ e do nada a imagem de um boi”.
Segundo Andressa, isso ocorreu pois sempre fez questão de dividir um pouco de sua vida nas redes, sendo assim, para a nova realidade as coisas não poderiam ser diferentes, ainda mais com os retornos positivos. “As pessoas foram gostando do que estavam vendo e isso começou a ganhar expressão”.
Como exemplo desse benéfico retorno, foi convidada, em 2019, para ser embaixadora digital da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), que colabora desde então. “Eu busquei muitas referências quando cheguei no agro. Eu sou neta e filha de pecuaristas, mas nunca havia visto isso como um negócio. Quando eu cheguei, pesquisava informações pelas redes sociais e não achava quase nada, era muito escasso”, relembra.
Além do pouco conteúdo, a pecuarista também relata um outro problema, ali em meados de 2017/18: a não conexão com os profissionais já presentes no cenário midiático. “Sobre as poucas pessoas das quais eu encontrei, ninguém me deu atenção. Queria trocar experiências, saber como foi para a pessoa ingressar na pecuária, como fazia determinadas coisas e que software utilizava, por exemplo”.
“Por isso, quando fui entendendo como fazer [para ser pecuarista], achei muito importante dividir. Estava e estou aprendendo, deixo isso muito claro nas minhas redes sociais e enquanto faço isso, transmito. A minha intenção é essa”, comenta, reforçando a importância de também se atentar às outras plataformas, como WhatsApp, para buscar novas referências e debates.
Os benefícios do on-line para o setor
Fora popularizar a tecnologia, aumentar produtividade e reduzir custos no campo, como destaca Bruno Machado, a internet, que possibilita a participação desses profissionais nas redes sociais, criou uma ponte entre produtor, conteúdo e receptor.
Muitos dos seguidores podem, ou não, pertencer ao setor produtivo, o que, em complemento, Andressa chama atenção para a união latente dos pecuaristas brasileiros nos dias de hoje. “As redes sociais fazem com que um pecuarista converse com outro, e, possibilita que tenhamos informações mais reais do que acontece no mercado, fazendo com que tenhamos força, nos unindo de alguma forma”.
Ainda, como reforça a profissional, as ações nas redes sociais auxiliam a desmistificar as informações que são compartilhadas, muitas vezes de maneira equivocada, sobre o setor. “Ajudam a entender o que está sendo feito e ressalta a valorização, seja pelo próprio produtor ou pelo público”.
Um setor para todos
“A voz do agro é sim feminina”, assim responde Andressa Biata, quando questionada sobre o papel desempenhado pela mulher na pecuária e as possibilidades de inclusão do público feminino ao setor com a influência das redes sociais.
“Representatividade facilita o ingresso de outras mulheres. Eu respondo inúmeros directs de estudantes e sucessoras que estão começando. Trocamos experiências e elas vão percebendo que é possível. Sempre é se nos prepararmos, se investirmos”, aconselha.
Para ela, essa troca de ideia indefere à pauta. “Desde montar um tanque de combustível na fazenda, até não deixar a autoestima vir abaixo pelo atual modo de vida. Todos os detalhes dessas histórias são importantes e devem e fazem parte da narrativa feminina no campo e fora dele”.
Ser pecuarista
Por fim, como o dia de hoje gira em torno de comemorar o Dia do Pecuarista, Bruno deixa como conselho para os possíveis interessados em ingressar no cenário um aviso importante: “Para alcançarmos nossos objetivos, temos que seguir três passos e para a pecuária não é diferente: Querer ser um pecuarista diferenciado, acima da média; Conhecimento – se reciclar, se atualizar e conhecer novas tecnologias e Atitude – não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje”.
Além do mais, Andressa reforça que é preciso ter em mente que a pecuária é uma empresa, um negócio e precisa ser tratada como tal. “Ela tem um detalhe que faz toda a diferença: é apaixonante e se faz necessário querer pertencer a ela”.
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