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Notícias animadoras para aquicultura brasileira com a Sofia 2024/FAQ

Altemir Gregolin é médico-veterinário, mestre em Desenvolvimento Rural, professor da FGV, consultor e ex-ministro da Pesca
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Em publicação recente sobre o Estado Mundial da Pesca e Aquicultura – SOFIA 2024, a FAO traz notícias animadoras para aquicultura brasileira. Destaco isso, porque o desenvolvimento da nossa aquicultura depende do mercado e do papel que desempenhará no consumo mundial de alimentos. E neste particular, as informações da última década e as projeções para o futuro, trazidas pela FAO, apontam tendências animadoras. 

A FAO afirma que a aquicultura e pesca se apresentam como solução sustentável e viável de oferta de proteína de origem animal frente ao crescimento da população mundial. A atividade, em especial, se mostra plenamente capaz de atender à crescente demanda por alimentos aquáticos. Nesta direção, alguns indicadores apresentam de forma contundente as bases que sustentam esta tese:

  1. A última década se caracterizou crescimento da produção, do consumo e do comércio internacional de pescado:

–  Em relação à produção, o mundo bateu um recorde com a produção de 223,2 milhões de toneladas, sendo 185,4 milhões de toneladas de animais aquáticos e 37,8 milhões de toneladas de algas;

– A aquicultura, pela primeira vez, superou a captura com 51% do total da produção. Bateu o recorde de 130,9 milhões de toneladas, um crescimento de 7,6% em 2 anos, contra 1,4% na captura;

– O consumo seguiu a tendência de crescimento, passou de 20,2 kg/hab/ano em 2.020 para 20,7 kg/hab/ano em 2.022. De 1961 a 2022, enquanto a população cresceu 1,6%/ano, o consumo cresceu quase o dobro, 3%/ano. Subiu de 9,1 kg/hab/ano para 20,7 kg/hab/ano. 

– O Comércio Internacional cresceu impressionantes 19% em 3 anos, atingindo U$$ 195 bilhões e envolveu 230 países e territórios no mundo. O comércio de pescado é maior que todas as demais proteínas de origem animal juntas;

  1. Para a próxima década, até 2.032, a produção e o consumo de pescado continuarão crescendo: 

– A produção de animais aquáticos projeta um crescimento de 10%, a aquicultura, 17%;   

– O consumo de pescado deve crescer 12%, passando de 20,7 para 21,3 kg/hab/ano;

3. Para 2050, o consumo seguirá crescendo. Somente para atender a demanda em função do crescimento da população, estimada em 9,5 bilhões de habitantes e sem considerar o aumento per capita do consumo, haverá a necessidade de produzir pelo menos mais 37 milhões de toneladas/ano. Segundo a FAO, um crescimento de 22% na produção. 

Estes indicadores revelam um cenário muito positivo em relação à demanda futura de pescado e tem motivado investimentos em projetos de grande vulto ao redor do mundo. Ademais, tais movimentos tem considerado também a projeção de redução no ritmo de crescimento da produção aquícola na Ásia, responsável por 91,4% da produção mundial. 

Diante deste cenário e considerando o atual nível de desenvolvimento da aquicultura brasileira, seu potencial e a expertise que vem do agro para a produção aquícola, as oportunidades que se apresentam para o Brasil são muito grandes. Porém, se não aproveitadas, outras regiões do mundo farão. 

Nesta perspectiva, minha tese é a de que há uma janela de oportunidade e que o Brasil precisa pensar em uma estratégia ousada para aproveitá-la, antecipando-se a movimentos que outras regiões, com potencial como a África, possam fazê-la. Uma estratégia ousada capaz não só de mobilizar investimentos internos, mas também, atrair investimentos externos que hoje estão a procura de qual região do mundo irão investir.

Você pode ler a coluna AQUACENÁRIOS, na íntegra e sem custo, acessando a página 50 da edição de agosto (nº 208) da Revista FeedFood.

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