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Manutenção de bebedouros de bovinos: quais os alertas?

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Ana Catarina Veloso, de casa

ana@ciasullieditores.com.br

Sabemos que a água é de suma importância para o organismo humano, sendo limpa, livre de impurezas e sem riscos de contaminação. Ao que se refere os animais de produção, com foco aqui em bovinos, tais pilares não devem ser diferentes, por isso, atenção aos bebedouros é essencial.

Para os produtores, o zelo com a água é levado extremamente a sério, já que esses animais são direcionados ao mercado consumidor. A ideia é conter qualquer problema que possa acometer os espécimes.

Segundo a médica veterinária, virologista e pesquisadora em Sanidade Animal, Vanessa Felipe de Souza, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), “é fundamental garantir o fornecimento de água limpa, na melhor qualidade possível, e em volume suficiente para atender às necessidades de todas as fases de vida dos bovinos, a exemplo da lactação, em que a ingestão de água aumenta para a produção de leite”.  “O mesmo cuidado vale para outras variáveis, como considerar as particularidades de clima, o tipo de exploração (intensivo, semi-intensivo e extensivo), bem como o número de animais, e a distância a ser percorrida até o bebedouro mais próximo, para evitar o desgaste dos animais e impactos negativos sobre o solo, em função do pisoteio”, explica a especialista.

Neste cenário, os equipamentos mais recomendados, de acordo com Vanessa, são os bebedouros artificiais, que permitem uma higienização efetiva. “Podem ser destacados aqui os bebedouros plásticos, de chapas metálicas ou mesmo de alvenaria”, destaca, ao pontuar que, “em sua grande maioria, os reservatórios são construídos de concreto ou chapas metálicas, e os materiais vão influir diretamente na praticidade de sua limpeza, que deve ser realizada, no mínimo, duas vezes ao ano”.

Contudo, mesmo na periodicidade apontada pela profissional como mínima, é indicado que a manutenção ocorra de forma visual, analisando se a água apresenta impurezas. Se sim, é preciso fazer a troca imediata. 

Perante às águas de açudes, pouco faladas, a médica-veterinária enfatiza para que não sejam oferecidas aos animais e nem consumidas. “É muito importante evitar o uso de açudes para dessedentação dos animais, pois a água parada pode levar à contaminação por matéria orgânica e microrganismos patogênicos, capazes de causar o desenvolvimento de doenças de grande impacto nos rebanhos, como a leptospirose, a coccidiose e o botulismo, entre outras enfermidades que podem ser veiculadas pela água”, alerta.

Manutenção correta dos equipamentos

Para a manutenção e limpeza dos bebedouros, a pesquisadora também fala sobre alguns cuidados com os produtos, sinalizando, por exemplo, o não uso do detergente, já que há outros meios mais seguros e produtos próprios para a aplicação.

No caso, do qual é possível ver lodo, Vanessa recomenda que seja descartada toda a água ali contida, bem como, seja feita a limpeza do equipamento. “Em qualquer caso, o mais indicado é fazer mesmo uma boa limpeza com escova, vassoura ou água pressurizada (equipamentos comerciais) e aplicar agentes desinfetantes, como hipoclorito de sódio (10%), hipocloreto de sódio (2,5%), cal clorada (25%), e hipoclorito de cálcio (70%)” 

“O uso de detergente é discutível, especialmente pela dificuldade de enxágue total. Assim, a limpeza pela remoção mecânica de resíduos, a desinfecção com agentes apropriados e a manutenção frequente dos bebedouros se apresentam como alternativas mais aplicáveis a longo prazo”, contextualiza.

Como exemplo de um bom manuseio, ela cita o mesmo processo de desinfecção de caixas d’água domésticas, “com hipoclorito de sódio 2,5% (água sanitária), mas o custo é um pouco mais alto”. “Nesse caso, tem-se uma estimativa de uso de 100 mL de água sanitária para cada 1000 litros de água. O produto deve ficar agindo pelo menos 2 a 3 horas, e então o bebedouro é esgotado, limpo, enxaguado e abastecido novamente”, esclarece a virologista.

Ao que se refere ao uso de cal, também utilizada também na limpeza de piscinas, ela sinaliza que todo procedimento deve ser feito por um profissional, pois o tratamento na água é forte e pode comprometer o pH e, até mesmo, a flora digestiva do gado. “Para situações específicas, a cal pode ser utilizada, embora não haja um consenso sobre a proporção de uso de cal em reservatórios. Mas existem diferentes apresentações (cal virgem/viva, cal hidratada ou micropulverizada) e isso determina sua utilização: quanto mais viva a cal menor a proporção de uso (importante destacar que o pH é mais alcalino e pode causar queimaduras em contato com a pele)”. 

Como ressalta a profissional nessa situação, o maior problema é alterar o pH da água, o que pode prejudicar a flora digestiva do gado. “De modo geral, o pH pode ser testado com kits usados para piscinas. Como o pH do rúmen varia em torno de 6,5 não é interessante que o pH da água fique muito acima disso. Independente da cal usada, é recomendado preparar a calda de cal. de preferência 1 dia antes, para sedimentar a borra que se forma pela decantação”, aconselha.

Por fim, Vanessa apela para que todos os procedimentos sejam realizados por profissionais, assim como, se consulte um médico-veterinário para que acompanhe todo o processo. “A água pode desencadear doenças severas e a manutenção é essencial para a saúde de todos”, finaliza.

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