Glaucia Bezerra | glaucia@dc7comunica.com.br
A indústria leiteira brasileira enfrenta uma encruzilhada entre a tradição e a necessidade urgente de inovação para competir globalmente. Enquanto outras áreas do agronegócio brasileiro conquistam mercados internacionais, o setor leiteiro avança em passos lentos, com um balanço comercial negativo que impede uma reação.
Apesar de alguns nichos altamente tecnificados, a maioria dos produtores de leite no Brasil enfrenta desafios significativos, refletidos na média de idade elevada dos produtores, que chega a 57 anos, sendo mais de 30% acima de 60. A falta de renovação geracional é um problema crítico, ameaçando a continuidade e a modernização do setor.
É neste ponto que a inovação surge como a chave para reverter essa tendência, no entanto, a adoção de novas tecnologias e práticas enfrenta obstáculos consideráveis. “A falta de conexão com o mercado de capitais limita o acesso ao financiamento e à gestão financeira eficaz, enquanto a complexidade da cadeia produtiva do leite demanda uma abordagem integrada e conectada, semelhante aos modelos adotados por empresas de tecnologia no setor urbano”, explica o médico-veterinário, especializado em Bovinocultura Leiteira, MBA em Gestão Empresarial e CEO Cia do Leite, Ronaldo Macedo.
A cadeia produtiva do leite passou por importantes transformações nos últimos 30 anos, como a queda do tabelamento de preços (1992), o impulsionamento do manejo de pastagem pelo Balde Cheio (1998 ganhando grandes proporções na década seguinte), a granelização (2002), ascensão dos confinamentos, em especial os de modelo compost barn (2013), ordenha robotizada (2012, ainda muito cara), uso de softwares de gerenciamento, criação do Programa Mais Leite Saudável que popularizou o acesso a assistência técnica, expansão da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), ascensão da fertilização in vitro (FIV) no girolando meio sangue e a consolidação de técnicas para controle da qualidade do leite. No entanto, Macedo afirma que algumas dessas técnicas, mesmo conhecidas, ainda têm o uso restrito a poucos produtores.
“A bovinocultura leiteira tem bons ingredientes tecnológicos, mesmo assim, esses ingredientes não têm uma modelagem de utilização. Neste cenário existem três inovações que irão mudar o atual status do setor, sendo a conectividade – com a integração dos dados para produção de inteligência para a cadeia, a integração comercial que é a mudança na relação entre o produtor e a indústria, na qual eles interagem como parceiros e não como adversários e, também, uma participação ativa no mercado financeiro”, explica o CEO.
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