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Especialista aborda uso de fibras na dieta de suínos em terminação

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A fibra dietética (FD) pertence ao grupo dos carboidratos. Os carboidratos são divididos em carboidratos de conteúdo celular e carboidratos de parede celular. A fibra dietética total é composta pelos carboidratos de parede celular [celulose, hemicelulose e seus constituintes (arabinoxilanos, xiloglucanos, galactomananas, β-glucanos, entre outros)], pectinas, gomas, além do amido resistente, que é o único carboidrato de conteúdo celular. A lignina não pode ser considerada um polissacarídeo, porém é geralmente classificada como carboidratos estruturais (Oelke et al., 2018; Wenk C., 2001).

Os carboidratos contidos nos alimentos podem ser divididos em monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos, e em polissacarídeos. Os principais polissacarídeos são o amido, glicogênio e os polissacarídeos não-amiláceos (fibras dietéticas) (Oelke et al., 2018).

As FD não são hidrolisadas ​​por enzimas endógenas do sistema digestivo dos mamíferos (Wenk, C., 2001; Furgal-Dierzuk, 2005), mas podem ser fermentados pela microflora na parte distal do intestino (Furgal-Dierzuk, 2005).

A digestão de carboidratos que ocorre no intestino delgado, resulta na produção de glicose e ácidos graxos de cadeia curta. Eles são os nutrientes mais abundantes na natureza e representam a fonte primária de energia para os organismos vivos. A FD pode fornecer de 5 a 28% da energia de mantença exigida pelos suínos (Oelke et al., 2018).

A FD pode ser classificada em fibra solúvel e insolúvel. A porção solúvel da fibra é composta pelas gomas, pectinas e hemicelulose, enquanto, a fração insolúvel corresponde à celulose, lignina e algumas hemiceluloses (Oelke et al., 2018).

A FD solúvel tem por característica absorver água e formar um gel viscoso, que promove maior saciedade e diminui o esvaziamento gástrico, além de tornar a digestão e o tempo de trânsito no intestino mais lento (Oelke et al., 2018).

Por outro lado, a FD insolúvel absorve água durante sua passagem pelo sistema digestivo aumentando assim o volume fecal e diminuindo o tempo de trânsito no intestino. Como resultado, as fezes tornam-se macias e de fácil eliminação, o que dificulta ocorrência de constipação. A FD insolúvel é lentamente ou apenas parcialmente fermentada (Oelke et al., 2018).

As fibras são utilizadas para aumentar o consumo de ração, uma vez que diluem os nutrientes fazendo com que o animal ingira mais alimentos. A inclusão de fibras na dieta também promove saúde e bem-estar aos animais, uma vez que estes ficam por mais tempo mastigando a ração, mantém o peristaltismo regular evitando constipações e melhora qualidade intestinal macroscópica e microbiológica (Wenk, C., 2001).

A lignina é um dos compostos da parede celular das plantas, sendo o mais abundante depois da celulose. Ela confere à planta suporte estrutural, impermeabilidade e resistência ao ataque microbiano. A lignina purificada comercial é produzida como um subproduto da indústria de papel, separada da madeira por processos de polpação química (Baurhoo et al., 2008). Além de propriedades antimicrobianas aos animais, ela promove multiplicação de bactérias benéficas além de melhora das vilosidades intestinais, sendo considerada um aditivo natural aos monogástricos (Baurhoo et al., 2008; Chen et al., 2014; Wenk, C., 2001; Furgal-Dierzuc, 2005).

O benefício das fibras purificadas sobre a qualidade intestinal dos animais provém de uma série de fatores estruturais e químicos. As fibras quando fermentadas no intestino grosso produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como propionato e butirato, trazendo como benefícios redução da síntese hepática do colesterol e prevenção ao câncer. Fibras como a pectina, a goma de guar, goma de aveia ou inulina, promovem efeitos protetores contra a colonização por bactérias patogênicas no trato digestivo (Furgal-Dierzuc, 2005).

Fibras digestíveis (FD) em dietas para animais não ruminantes parece ser benéfico para a saúde intestinal, uma vez que modula a saúde intestinal por meio de interações complexas com o epitélio intestinal, muco e microflora (Furgal-Dierzuc, 2005).

Hoje as fibras ainda são mais utilizadas para fêmeas em gestação (Oelke et al., 2018), mas com todos estes benefícios como aumento de tamanho de vilosidades e melhora da saúde intestinal, com aumento da colonização de bactérias benéficas e redução de bactérias potencialmente patogências ao organismo, melhoras em peristaltismo, qualidade do bolo fecal, melhoras ao bem estar animal, é fato que temos que olhar com bons olhos a utilização de fibras na alimentação de suínos em todas as fases. Para uma maior assertividade na utilização destas fibras em suínos em fase de engorda/terminação, torna-se necessário um número maior de avaliações dos tipos de fibras e de seus efeitos sobre os animais.

* Bibliografia consultada disponível com o autor:

– Baurhoo et al., 2008. Purified lignin: Nutritional and health impacts on farm animals—A review. Animal Feed Science and Technology. 144 (2008) 175–184.

– Chen et al., 2014. Impact of fiber types on gut microbiota, gut environment and gut function in fattening pigs. Animal Feed Science and Technology. 195 (2014) 101 – 111.

– Furgal-Dierzuk, 2005. The effect of different dietary fibres on microbial population and short-chain fatty acid concentration in the caecum of pigs. Journal of Animal and Feed Sciences. 14, Suppl. 1, 2005, 345–348

– Oelke et al., 2018. Fibra dietética: um novo enfoque na nutrição de suínos.

Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Carlos-Oelke-2/publication/345950786_Fibra_dietetica_um_novo_enfoque_na_nutricao_de_suinos/links/5fb2c8b245851518fdac9183/Fibra-dietetica-um-novo-enfoque-na-nutricao-de-suinos.pdf.

– Wenk, C., 2001. O papel da fibra alimentar na fisiologia digestiva do porco. Ciencia e tecnologia de alimentação animal. Volume 90, Edições 1–2, 15 de março de 2001, Páginas 21-33.

Autor: Médico Veterinário Érico Boffo, Assessor Técnico de Suínos

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