Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma gelatina a partir da pele do tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo do Brasil, como alternativa à gelatina convencional, que geralmente é feita a partir de couro bovino e suíno. Este novo produto possui aplicações alimentícias e farmacêuticas, agregando valor ao que antes era um resíduo utilizado principalmente na produção de ração para peixes.
O projeto BRS Aqua da Embrapa, com apoio do BNDES, do CNPq e da Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca do MPA, visa fortalecer a cadeia produtiva da aquicultura no Brasil. De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), Manuel Antônio Jacintho, até 50% das matérias-primas na piscicultura são descartadas. “Transformar resíduos em produtos de valor acrescenta sustentabilidade à cadeia”, afirma Jacintho.
A gelatina da pele do tambaqui demonstrou qualidade comparável à gelatina bovina e suína, com boa força de gel, baixo teor de gordura e alta concentração de aminoácidos essenciais. Segundo a pesquisadora Fernanda Ramalho Procópio, que conduziu o estudo, a gelatina do tambaqui é rica em aminoácidos e tem um rendimento de extração de quase 60%, tornando-se uma alternativa viável às gelatinas tradicionais.
O supervisor do Laboratório de Tecnologia da Biomassa da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Adriano Mattos, destaca que a gelatina do tambaqui apresenta temperatura de gelificação e características térmicas similares às da gelatina bovina comercial, o que favorece seu uso na indústria alimentícia e farmacêutica.
Com a publicação na revista internacional Journal of aquatic food product technology, o estudo reforça o potencial da gelatina de tambaqui para diversas aplicações, incluindo a produção de micropartículas, filmes e hidrogéis.
Fonte: Embrapa, adaptado pela equipe FeedFood.
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