Sendo uma preocupação de muitos suinocultores em todo o mundo, a doença do edema é uma enfermidade que acomete leitões nas primeiras duas semanas após o desmame e é causada por toxinas produzidas por Escherichia coli enterotoxigênicas (Tabaran & Tabaran, 2019). No entanto, a sintomatologia dos leitões infectados geralmente está associada a fatores predisponentes, como, por exemplo, falhas de manejo, qualidade da ração e o nível de contaminação ambiental (Borowski et al., 2002; Rocha, 2016).
A enterotoxina chamada Stx2e ou verotoxina, pertencente à família Shigatoxina (Stx), é a variante mais frequentemente encontrada nos suínos portadores da doença do edema. Sabe-se que as E. coli enterotoxigênicas se aderem à mucosa intestinal através da ligação à adesina fimbrial F18ab e, então, liberam a toxina Stx2e. Embora esta enterotoxina não apresente grandes alterações nos enterócitos, ela é causadora de alterações sistêmicas, resultando em danos vasculares e gerando necrose no tronco encefálico e em vários outros órgãos dos animais (Casanova et al., 2018).
O conhecimento sobre a patogenia e patógenos causadores da doença do edema são essenciais para que o diagnóstico seja realizado da maneira mais rápida e eficaz possível. Mas, além disso, os achados patológicos devem sempre fazer parte do diagnóstico. Isto porque até 60% dos suínos clinicamente saudáveis tem seu conteúdo intestinal positivo para enterotoxinas (Tabaran & Tabaran, 2019).
Portanto, é sempre necessário que o tratamento e o controle profilático contra esta enfermidade sejam realizados, a fim de minimizar os impactos econômicos causados pela doença. Considerando o forte apelo para a redução no uso de antimicrobianos nos sistemas de produção de suínos, utilizar a vacinação como aliada tem sido uma estratégia bastante eficaz. Estratégia esta que também tem sido apoiada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que enfatizou a necessidade de prevenir doenças infecciosas através de três medidas básicas: bom manejo animal, biosseguridade eficiente e vacinação (Mesonero-Escured et al., 2021; Rocha, 2016).
Sendo assim, fica claro a necessidade de utilizarmos técnicas de manejo eficientes na produção de suínos e principalmente, adotarmos a vacinação contra a doença do edema como item básico, a fim de evitar que os suínos sejam infectados e, consequentemente, gerar grandes prejuízos ao rebanho brasileiro.
Referências bibliográficas
Borowski, S. M., Barcellos, D. E. S. N. D., Hagemann, A., Chiminazzo, C., Razia, L. E., & Coutinho, T. A. (2002). Avaliação do uso da vacinação para prevenção da doença do edema em suínos. Acta scientiae veterinariae. Porto Alegre, RS. Vol. 30, n. 3 (2002), p. 167-172.
Casanova, N. A., Redondo, L. M., Dailoff, G. C., Arenas, D., & Fernández Miyakawa, M. E. (2018). Overview of the role of Shiga toxins in porcine edema disease pathogenesis. Toxicon, 148, 149-154. https://doi.org/10.1016/j.toxicon.2018.04.001
Mesonero-Escuredo, S., Morales, J., Mainar-Jaime, R. C., Díaz, G., Arnal, J. L., Casanovas, C., Barrabés, S., & Segalés, J. (2021). Effect of Edema Disease Vaccination on Mortality and Growth Parameters in Nursery Pigs in a Shiga Toxin 2e Positive Commercial Farm. Vaccines, 9, 567. https://doi.org/10.3390/vaccines9060567
Rocha, B. Z. L. L. (2016). Caracterização epidemiológica, clínica e patológica da doença do edema em suínos. Monografia. Universidade Federal de Campina Grande
Tabaran, F., & Tabaran, A. (2019). Edema disease of swine: A review of the pathogenesis. Porcine Research, 9, 7-14. https://doi.org/10.2478/pjvs-2019-0002
Fonte: A.I, adaptado pela equipe Feed&Food.
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