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Entenda o diferimento estratégico de pastagens na prática

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Na maioria dos sistemas de exploração de pastagens é praticamente impossível manter constante a oferta de forragem de alta qualidade durante o ano todo, uma vez que a estacionalidade de produção forrageira determina oscilações marcantes na oferta quantitativa e qualitativa da forragem ao longo do ano, conforme pode ser observado na Figura 1, que caracteriza a taxa de acúmulo (kg MS/ha/dia) e de demanda (kg MS/U.A/dia) em uma propriedade de recria e engorda.

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Figura 1. Curva de taxa de acúmulo (kg MS/ha/dia) e demanda (U.A/dia).

Em um sistema de produção que pretende ser eficiente e competitivo, torna-se essencial eliminar as fases negativas do sistema, proporcionando condições ao animal para se desenvolver normalmente durante todo o ano, a fim de que se alcancem as condições de abate, peso e/ou terminação mais precocemente. Para isto, faz-se necessário manter o suprimento de forragem em equilíbrio com os requerimentos nutricionais dos animais.

Neste contexto, uma das tecnologias de melhor aplicação e melhor relação benefício/custo para o pecuarista é a utilização do pastejo diferido. Esta tecnologia consiste na reserva estratégica de uma ou mais áreas de pastagem do sistema de produção, para que se obtenha um maior acúmulo de massa de forragem a ser utilizado no período seco, visando diminuir a diferença existente entre a taxa de lotação animal da estação das águas e secas, bem como os níveis de ganho de peso e produtividade (@s/ha/ano).

Para o sucesso do pastejo diferido, algumas particularidades devem ser consideradas ou observadas, como: espécie forrageira a ser diferida, manejo do pastejo antes do diferimento, metas de desempenho (ganho de peso vivo x produtividade), estratégia nutricional a ser utilizada e benefício/custo da suplementação.

A espécie forrageira é o fator mais importante no sucesso da implantação do pastejo diferido. Espécies de crescimento ereto, como gramíneas do gênero Panicum e Penissetum têm uma grande restrição ao diferimento, uma vez que estas, ao serem diferidas apresentam uma grande quantidade e proporção de caule, fator este que limita consideravelmente o consumo da forragem pelos animais no período seco do ano.

As espécies de crescimento prostrado, como gramíneas do gênero Brachiaria e Cynodon são as mais recomendadas, uma vez que quando diferidas não apresentam limitações de consumo pelos animais, pois acumulam maior quantidade de folha em relação ao caule.

O manejo da área antes do diferimento influi significativamente na composição da pastagem na época de acesso dos animais ao pastejo. Áreas manejadas com altura de resíduo pós-pastejo maiores ou em sub-pastejo, tendem a apresentar maiores quantidades de caule, enquanto áreas manejadas com alturas de resíduo pós-pastejo menores, apresentam menores quantidades de caule e, consequentemente, melhor valor nutritivo.

Dessa forma, o manejo ideal para o diferimento é aquele em que antes da época de reserva (fevereiro/março) seja efetuado um pastejo na altura de manejo recomendada para espécie em questão (Tabela 1). Na sequência deve-se realizar, se possível, a adubação nitrogenada, com doses que podem variar de 30 a 50 kg de N/ha. Exemplificando, em uma área de 40 hectares de Braquiarão (Braquiaria brizantha cv. Marandu) e tendo como adubo base a uréia (46% de N), a adubação deverá ser de 65 a 110 kg de uréia/ha.

TABELA 01

Para efeito de planejamento, o pecuarista deve escalonar o diferimento das áreas de pastagem de acordo com o critério de utilização. De maneira geral, recomenda-se que 1/3 da área a ser utilizada seja diferida no mês de fevereiro e 2/3 da área no mês de março. Com isso, as áreas diferidas em fevereiro serão utilizadas no início das secas e as de março no meio até o final das secas. Vale ressaltar, que em muitas situações é necessário potencializar a taxa de lotação de outras áreas de pastagem da propriedade, visando o diferimento das demais. Para isso, o pecuarista pode fazer uso de adubações mais intensivas ou suplementação com níveis mais elevados de suplemento, objetivando, neste último caso, no efeito associativo substitutivo (substituir consumo de forragem por suplemento).

Com relação ao manejo nutricional a ser adotado após o diferimento das áreas de pastagens, vale lembrar que a estratégia nutricional deve estar diretamente relacionada com o objetivo a ser atingido, seja de manutenção da condição corporal ou até taxas de desempenho mais elevadas. É importante ressaltar, no entanto, que o sucesso de qualquer programa nutricional está intimamente relacionado com a elevada disponibilidade de forragem e, consequentemente, esta associada a uma taxa de lotação adequada, que será definida em função da categoria animal, área diferida, período de ocupação e nível de suplementação.

A Tabela 2 apresenta os tipos de suplemento normalmente utilizados durante o período das secas, ponderando sobre estimativas de consumo e desempenho (ganho de peso).

TABELA O2

Por fim, é importante lembrar que associado a estas informações, há ainda que se considerar os aspectos relacionados à estrutura da propriedade (cochos, bebedouros e aguadas), manejo dos animais, alimentos utilizados na formulação do(s) suplemento(s), características do suplemento e custos, uma vez que é em função dessas variáveis que a tecnologia terá ou não viabilidade econômica em sua adoção na propriedade.

Fonte: Rogério Marchiori Coan, Consultor em Pecuária de Corte.

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