Dentre os microrganismos patogênicos e altamente resistentes a tratamentos químicos e físicos e constantemente isolados em ingredientes e rações utilizadas na avicultura, destacamos o Clostridium perfringens. Comumente encontrado na microbiota intestinal de aves sadias, esse microrganismo é responsável pela enterite necrótica, doença que em infecções subclínicas, provoca redução na absorção dos nutrientes e, consequentemente, menor ganho de peso e piora na conversão alimentar das aves.
Em estudo realizado por Duarte et al (no prelo) sobre o levantamento da presença da contaminação por Clostridium perfringens em amostras de diferentes tipos de farinhas de origem animal e rações coletadas em empresas produtoras presentes no estado de São Paulo, observou-se que nenhum tipo de ingrediente avaliado está livre dessa contaminação, sendo que inclusive em rações foi encontrado cerca de 16% de positividade (Tabela 1).
Tabela 1. Presença de Clostridium perfringens em amostras de ingredientes e rações produzidas no Estado de São Paulo.
Umas das opções no controle desse patógeno é o tratamento desses materiais com Salmex. Aprovado pelo FDA e FEEDAP (Scientific Panel on Additives and Products or Substances used in Animal Feed – UE), o Salmex é um produto a base de formaldeído e ácido propiônico, largamente utilizado na descontaminação de ingredientes proteicos e rações. Sendo considerado um produto eficiente em estratégias de redução de patógenos em rações e farinhas animais, e inclusive seguro para sua utilização, considerando que não há nenhum prejuízo em consumo de ração ou desempenho animal, além de sua aplicação prática, que é realizada através de equipamentos específicos de dosagem, não apresentar nenhuma exposição ou manipulação direta do produto.
Na prática, bem como em estudos realizados pela equipe do Prof. Pablo SchockenIturrino, do Laboratório de Microbiologia da UNESP de Jaboticabal-SP (Tabela 2 e 3; Gráficos 1 e 2) comprovaram que o Salmex apresenta um alto nível de atividade bactericida/desinfetante sob a contaminação com Clostridium perfringens. Observou-se que em média o Salmex promoveu uma redução de cerca de 97,4 % na contagem do patógeno dentro das primeiras 24hs após o tratamento, sendo esse efeito potencializado após 5 dias (aproximadamente 99,9%).
Tabela 2. Contagem de Clostridium perfringens (UFG/g) a partir da inoculação em 1×1 UFG/g em rações e diferentes tipos de farinhas de origem animal tratadas ou não (Controle) com Salmex.
Doses de Salmex: Ração = 3Kg/t; Farinhas de origem animal = 6 kg/t
FCO = Farinha de carne e ossos; FSP = Farinha de sangue e penas; FV = Farinha de vísceras de aves Adaptado de Duarte et al (no prelo)
Gráfico 1. Redução percentual de Clostridium perfringens em rações e diferentes tipos de farinhas de origem animal após 1 ou 5 dias do tratamento com Salmex (3 Kg/t em rações e 6 Kg/t e farinhas de origem animal). (Adaptado de Duarte et al (no prelo))
Tabela 3. Contagem de Clostridium perfringens (UFG/g) a partir da inoculação em 1×1 UFG/g em rações e farinhas de origem animal tratadas com diferentes doses de Salmex.
Adaptado de Duarte et al (no prelo) / Avaliação realizada após 5 dias da inoculação
Gráfico 2, Redução percentual de Clostridium perfringens inoculados (1×1 UFG/g) em rações e farinhas de origem animal tratadas com diferentes doses de Salmex. Avaliação realizada após 5 dias da inoculação (Duarte et al (no prelo)).
Na prática observa-se que os ingredientes e as rações utilizadas na avicultura industrial brasileira encontram-se em níveis bem menores de contaminação (cerca de 200 UFC/g) do que as utilizadas nesses experimentos, as quais foram inoculadas artificialmente com concentração altas de Clostridium perfringens (mínimo de 1×1 UFC/g). Com isso, acredita-se que na prática, a aplicação de Salmex nas rações nas doses recomendadas para cada espécie (1 a 1,5kg/t – frangos de corte e 2 a 4kg/t em matrizes, perus, poedeiras e suínos) serão suficientes para que os níveis desse microrganismo estejam sob controle e baixas concentrações, suficiente para se evitar um desafio por enterite necrótica provocada pela ração consumida.
Conclui-se que o Salmex é uma ferramenta eficiente e segura na diminuição desse patógeno em rações e seus ingredientes.
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