Diante da situação dos municípios gaúchos atingidos pelas chuvas intensas, alagamentos, inundações, enxurradas e vendavais, uma comitiva presidencial esteve no Estado do Rio Grande do Sul para acompanhar e apoiar a população local na última semana.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), apoiado pelo Ministério da Fazenda (MF), disponibilizou medida para dar suporte aos produtores rurais que foram afetados por intempéries climáticas ou queda de preços agrícolas. Com a medida, os agricultores poderão renegociar dívidas do crédito rural de investimentos. A iniciativa foi aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e tem prazo limite para repactuação até 31 de maio.
Com isso, as instituições financeiras poderão adiar ou parcelar os débitos que irão vencer ainda em 2024. Neste contexto, as operações contratadas devem estar em situação de adimplência até 30 de dezembro de 2023. É a primeira vez que um governo adianta e aplica a medida de apoio antes do fim da safra.
O ministro ainda explicou o primeiro passo para acessar a renegociação. “Qualquer produtor, que se enquadre na medida, procure seu agente financeiro com o laudo do seu engenheiro agrônomo, contextualizando a situação. Com isso, será atendido com a prorrogação ou o parcelamento do débito”, reforçou.
Para enquadramento, os financiamentos deverão ter amparo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e dos demais programas de investimento rural do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os Auditores Fiscais Federais Agropecuário (AFFA) do RS e Santa Catarina suspenderam a Operação Padrão para se dedicarem integralmente na questão dos dois estados.
BOLETIM CEPEA
- SOJA – O Rio Grande do Sul é segundo maior estado produtor de soja no Brasil. As precipitações em excesso retardam as atividades de campo e vêm gerando preocupações sobre a qualidade das lavouras. O excesso de umidade tende a elevar a acidez do óleo de soja, o que pode reduzir a oferta de boa qualidade deste subproduto, especialmente para a indústria alimentícia. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), no Brasil já foram colhidos 90,5% da área de soja da safra 2023/24. O Sul é a região com as atividades de campo mais atrasadas. No Rio Grande do Sul, as atividades somam 60%, contra 70% no mesmo período de 2023, conforme aponta a Conab. A Emater/RS, por sua vez, indica que 76% da área sul-rio-grandense havia sido colhida até o dia 2 de maio, inferior aos 83% na média dos últimos cinco anos. Em Santa Catarina, a colheita alcançou 57,6% da área, abaixo dos 82,8% há um ano (Conab).
- MILHO – Para o milho, a colheita da safra verão está praticamente paralisada no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater/RS, a colheita atingiu 83% da área sul-rio-grandense até o dia 02 de maio, avanço semanal de apenas 1 p.p.. No Paraná, foram colhidos 98% da área total até essa segunda-feira, leve aumento de 1 p.p. em relação ao dado divulgado no dia 29 pela Seab/Deral. Em Santa Catarina, a colheita chegou a 93% no dia 28, segundo a Conab
- FRANGO, SUÍNOS E OVOS – De acordo com colaboradores do Rio Grande do Sul consultados pelo Cepea, as fortes chuvas dos últimos dias têm prejudicado as negociações envolvendo frango, suínos e ovos. Com rodovias e pontes interditadas, o transporte do produto para atender à demanda em parte das regiões sul-rio-grandenses e também de fora do estado vem sendo comprometido. Além disso, produtores relatam dificuldade em adquirir insumos, como rações e também embalagens e caixas, no caso de ovos. Relatos de agentes consultados pelo Cepea também indicam que algumas propriedades de produção suinícola e avícola foram danificadas, e agentes ainda estão à espera de que a situação seja normalizada para que os prejuízos sejam calculados.
- PECUÁRIA DE CORTE – Agentes consultados pelo Cepea no Rio Grande do Sul indicam que, como as chuvas destruíram pontes e danificaram trechos de estradas, muitos lotes de animais para abate não conseguem ser transportados aos frigoríficos. Com isso, muitos compradores e vendedores estão fora do mercado nestes últimos dias, à espera de que a situação seja controlada.
O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, afirma que a companhia está pronta para atuar junto a outros parceiros para garantir o abastecimento às famílias: “A gente está no aguardo da demanda que o Rio Grande do Sul irá precisar de alimentação. Estamos preparados para agir e colocar aqui o alimento necessário para as pessoas nesta situação”.
A partir desta segunda-feira (06), o Governo Federal estabelece um espaço físico em Porto Alegre que funcionará como escritório de monitoramento. No local, serão concentradas as informações sobre as ações do apoio federal ao Rio Grande do Sul em decorrência dos danos causados pelas fortes chuvas. A decisão foi tomada durante reunião da Sala de Situação, no Palácio do Planalto, em Brasília (SP).
A Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA) anunciou apoio às campanhas de solidariedade e atua na divulgação do PIX oficial de doações do Governo do RS.
A SITUAÇÃO DA AVICULTURA E SUINOCULTURA NO ESTADO
Pelos levantamentos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), juntamente com seus associados e em apoio à Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) e o Sindicato das Indústrias Produtoras de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (SIPS) – entidades que estão na linha de frente –, dez unidades produtoras de carne de aves e de suínos estão paralisadas ou com dificuldades extremas de operar pela impossibilidade de processar insumos ou de transportar colaboradores.
O estado produz 11% da produção de carne de frango e 19,8% da produção de suínos nacional, que são direcionados para consumo nas gôndolas do próprio estado e para a exportação.
Com a inviabilização temporária de núcleos que representam a maior parte da produção de carne de frango e grande parte da carne suína do estado, há temor de que, além dos problemas já vivenciados hoje, a população gaúcha deverá enfrentar desabastecimento de produtos até a retomada do sistema de produção – o que poderá demorar mais de 30 dias.
O Conselho Diretivo da ABPA realizou uma reunião virtual para o mapeamento de medidas de apoio ao enfrentamento da crise. As ações a serem adotadas estão em estudo – o foco de todos, neste momento, está no apoio às vítimas.
As entidades monitoram o quadro no Estado. A prioridade, neste momento, é salvar vidas e permitir o necessário à sobrevivência daqueles que foram mais impactos e perderam tudo neste momento – entre colaboradores do setor, há relatos de perdas de todos os bens para as cheias. Também está na prioridade a alimentação dos animais que estão no campo. Núcleos de produção enfrentam não apenas perdas estruturais, mas também itens básicos como água, luz e telecomunicações.
Para ajudar as vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) anunciou a doação de R$ 2 milhões. As chuvas torrenciais já causaram a morte de ao menos 55 pessoas e afetaram mais de 300 cidades.
“A CNA não podia ficar insensível com essa situação em que o Rio Grande do Sul está atravessando. No Brasil, nunca aconteceu nada parecido. Nós estamos fazendo não só essa doação, mas estamos fazendo um apelo a todo o agro de modo geral, todas as entidades do agro e outras entidades que não são do agro”, disse no último final de semana o presidente da entidade, João Martins.
Fonte: Redação FeedFood.
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