O Brasil encerrou 2024 com recordes históricos nas exportações do agronegócio, consolidando sua posição como um dos maiores fornecedores globais de alimentos. Produtos como carnes, açúcar, café e algodão foram protagonistas na balança comercial, enquanto itens como gengibre e chocolate ampliaram a diversificação da pauta exportadora. Apesar do otimismo para 2025, com novas aberturas de mercado e projeções de safra promissora, a capacidade de fiscalização agropecuária enfrenta sérios desafios estruturais.
Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) indicam que o agronegócio representou 49% das exportações brasileiras em 2024. A carne bovina, inspecionada em todas as etapas pelos auditores fiscais federais agropecuários, alcançou 2,8 milhões de toneladas exportadas para 157 países, incluindo mercados exigentes como União Europeia e Estados Unidos. Com a expectativa de abertura de novos mercados em 2025, como Japão e Coreia do Sul, o volume de trabalho para os auditores deve aumentar, ampliando as demandas sobre uma equipe já reduzida.
Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), a carreira enfrenta um déficit preocupante, agravado pela iminente aposentadoria de 1.200 profissionais. O concurso público mais recente previu apenas 200 novas contratações, um número insuficiente frente à crescente complexidade das operações de fiscalização. Essa lacuna compromete a garantia de padrões internacionais de qualidade, essenciais para o acesso a mercados globais e a proteção contra pragas e doenças que podem impactar a produção nacional.
O presidente do Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo, destaca que o fortalecimento da fiscalização é vital para a competitividade do agronegócio brasileiro. Ele alerta para a urgência de políticas públicas que ampliem o efetivo e modernizem os sistemas de inspeção. “Sem investimentos adequados, o Brasil arrisca comprometer sua credibilidade internacional e sua posição estratégica no abastecimento global de alimentos. O desafio, portanto, é alinhar o crescimento das exportações com a sustentabilidade e segurança das operações agropecuárias”, afirmou.
Fonte: Anffa Sindical, adaptado pela equipe FeedFood.
LEIA TAMBÉM:
Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce celebra 66 anos de impacto e inovação
Tilápia encerra 2024 com quedas nos preços, mas exportações crescem significativamente
Regulamentação do Mercado de Carbono no Brasil pode movimentar US$ 300 bilhões até 2050