Pensando em reduzir a emissão de metano na pecuária do país, o governo brasileiro está trabalhando para desenvolver estratégias. O tema foi abordado nesta última segunda-feira (8) em uma coletiva de imprensa, com o secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Fernando Camargo, e o presidente da Embrapa, Celso Moretti. Na última semana, o Brasil foi uma das nações que aderiram ao compromisso global para redução das emissões de metano durante a COP 26, em Glasgow.
Entre as estratégias que já são utilizadas para reduzir a emissão de metano, estão o desenvolvimento de alimentos mais digestíveis para os animais e o melhoramento genético, que permite o abate precoce. Também está em estudo a utilização de aditivos que podem ser agregados na alimentação animal, com substâncias como taninos e óleos essenciais.
O presidente da Embrapa, explica: “Nos últimos 10 anos, o Brasil reduziu de 48 para 36 meses o tempo de abate. Quando o animal fica menos tempo no campo, ele vai produzir menos metano”.
Além da redução da emissão, o Brasil já trabalha na compensação de emissões, como os sistemas Integrados de Lavoura-Pecuária e Floresta (ILPF) que hoje ocupam 17 milhões de hectares.
Para o secretário, Camargo, o acordo vem em boa hora e é importante que o Brasil não esteja fora dessa iniciativa. “O Brasil é parte da solução, e temos que estar engajados em todas essas iniciativas para que que consigamos manter 1,5ºC de crescimento de temperatura em relação aos níveis pré industriais, por isso que assinamos esse importante pacto”, disse, lembrando que técnicas como a terminação intensiva e manejo de dejetos de animais já estão contempladas no Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono da Agropecuária, chamada de ABC+. (Saiba mais).
Camargo explica que o acordo assinado em Glasgow prevê a redução de 30% de emissão de metano até 2030, e que cada país irá avaliar, de acordo com as possibilidades, as ambições que serão possíveis alcançar. Além da emissão da pecuária, outras áreas como os lixões urbanos e a extração de petróleo também devem ser avaliadas.
Para Moretti, o País mostrou na COP26 que fez seu trabalho. “O Brasil revelou dados, informações e mapas demonstrando claramente que a nossa agricultura há mais de três décadas é sustentável, vem percorrendo um caminho de descarbonização e a tecnologia está no centro de toda essa evolução”, disse o presidente da Embrapa.
Acesso às tecnologias
Durante a conversa com a imprensa, os representantes do MAPA e da Embrapa falaram sobre as formas de incentivar o acesso dos produtores brasileiros a tecnologias modernas e sustentáveis. Camargo disse que o grande desafio é fazer com que todos os produtores rurais brasileiros, inclusive os pequenos, tenham acesso a essas novidades. “Para isso, precisamos do apoio da iniciativa privada, do terceiro setor, de várias entidades que levam a tecnologia ao campo”.
Fernando Camargo, também lembrou que o Plano Safra já elevou neste ano os recursos disponíveis para financiar tecnologias sustentáveis, especialmente dentro do Plano ABC. “Tenho certeza de que o Plano Safra do ano que vem será absolutamente verde, terá recursos para boas práticas agropecuárias e vamos nos organizar para fazer com que esse recurso não falte lá na ponta”.
Fonte: MAPA, adaptado pela equipe feed&food.
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