Natalia Ponse, de Gramado (RS)
Desde o domingo (18), a temperatura em Gramado (RS) dificilmente passa dos 10º. No entanto, a 4ª edição da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos (Conbrasul) já iniciou sua programação com debates aquecidos. Realizado na cidade até a terça-feira (20), o evento computa mais de 300 inscritos neste ano.
O destaque deste primeiro dia fica por conta de uma novidade: pela primeira vez, a Conbrasul realiza um módulo 100% técnico. Chamado de Conbrasil Tec Ovos, o conjunto de palestras reuniu especialistas do setor para debater pesquisa, biosseguridade, nutrição, sanidade e, claro, influenza aviária.
Sobre este último tópico, a programação recebeu o diretor do Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), dr. Eduardo de Azevedo.
Ele foi convidado como painelista para a 90ª Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa), realizada em Paris (França), entre 21 e 25 de maio, para debates sobre o tema com mais de 170 países.
“É um fórum muito importante porque dita todo o regramento sanitário do comércio mundial de animais, de material genético e de produtos. É onde, de forma consensual, tentamos chegar àquelas diretrizes que os países precisam seguir para poder certificar e exigir dos seus países parceiros a certificação necessária para não impedir o comércio entre eles”, conta.
Em Paris, Eduardo falou sobre a influenza aviária e as estratégias para a manutenção do comércio mediante a ocorrência da doença. “É uma enfermidade que já chegou a quase oitenta países, então, estamos falando de um assunto de distribuição global”, diz.
O diretor reforça que o Brasil é um dos principais players da cadeia de proteína, apresentando crescimento notável na avicultura de postura: “Exportamos para mais de 130 países e, por isso, fomos convidados a levar o nosso posicionamento”.
A grande polêmica, em suas palavras, foi a eventual utilização de vacina e a possibilidade de o Brasil deixar de ser considerado um país livre da doença caso opte pela vacinação. “Por isso, o posicionamento do MAPA encara a vacina como um plano B ou C. Escolhendo essa estratégia, seremos tratados como um país infectado e, assim, perderemos mercado ou receberemos a exigência de fazer o que chamamos de ‘maturação sanitária’ da carne”, explica.
Com a vacinação, pontua o diretor, se insere camadas de desconfiança. “Por que este país está vacinando se está livre da doença?”, exemplifica. Por isso, complementa, esta tomada de decisão é muito complexa.
O plano A, segundo o MAPA, no caso de introdução da doença em aves comerciais – de postura ou corte – é aplicar as medidas de controle envolvendo a destinação das carcaças para que não se tornem material infectante para outros animais.
Continue acompanhando o Portal FeedFood e os stories em nosso Instagram (@revistafeedfood) ao longo desta edição do Conbrasul. A cobertura com os principais destaques estará disponível na próxima edição da Revista FeedFood.
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