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Elas estão no agro

Dia Internacional da Mulher Rural é marcado pelo espaço conquistado e por histórias inspiradoras
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Camila Santos I [email protected]

Flexibilidade, resiliência e afeto. Começo esse artigo com essas três palavras, que foram as que escolhi para homenagear – no Dia Internacional da Mulher Rural, comemorado hoje, 15 de novembro – as duas personagens que ilustram esse material e todas as outras que a cada dia conquistam pequenos ou grandes espaços no agro.

Para comprovar a relevância do tema, é preciso falar de números. Segundo o último levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea – Esalq/USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) a participação feminina no agronegócio brasileiro cresceu no primeiro trimestre de 2023. O número de mulheres ocupadas no setor aumentou 1,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior, o que representa 139,9 mil novas trabalhadoras. Entre os homens, o crescimento foi de 0,6% (+97,1 mil). Apesar disso, os homens ainda são maioria, compondo 61,93% da força de trabalho no agro, enquanto as mulheres somam 38,07%, totalizando 10,7 milhões de profissionais.

A pesquisa também mostra que o agronegócio representa uma fatia importante do mercado de trabalho feminino. Cerca de 23,41% das mulheres empregadas no Brasil atuam no agro, enquanto os homens no setor correspondem a 29,8% da força de trabalho masculina. Esses números refletem a importância crescente da mulher no campo, que vem conquistando mais espaço.

Rosangela Araújo, proprietária da Fazenda Mandala, em Patos de Minas/MG (Foto: Divulgação)

Uma dessas profissionais é a pecuarista Rosangela Araújo, proprietária da Fazenda Mandala, em Patos de Minas (MG), que trocou uma carreira de 31 anos no funcionalismo público para se dedicar ao campo. “Durante mais de três décadas trabalhei na Caixa Econômica Federal, com metas, cobranças e fechada naquele ambiente. Depois de aposentar, escolhi ficar junto à natureza, lidar com animais, sair do stress”, conta a empresária formada em Letras, que encontrou na avicultura de sistema caipira free range sua nova rotina.

Hoje, ela cuida da produção de galinhas em um sistema sustentável e afirma que, apesar das dificuldades, o trabalho é gratificante: “Lidar com galinhas é uma rotina exigente, mas é bastante gratificante. Colher os ovos é muito bom”, diz Rosangela que avalia que “na atual conjuntura política, o agricultor vem sendo de certa forma perseguido e desvalorizado, mas isso vai passar. Tenho fé que o Brasil continuará sendo o celeiro do mundo”, afirma.

A médica-veterinária Maria Inês Rodrigues da Cunha (Foto: Divulgação)

O gosto pelo campo como herança de família se repete com médica-veterinária Maria Inês Rodrigues da Cunha, que é sócia da Nutrial, uma empresa com 36 anos de atuação no agronegócio. “Cresci em uma fazenda com seus cinco irmãos, sempre rodeada pela produção de leite e carne bovina. Meu amor pelo agro me levou à faculdade com propósito profissional de produzir alimento para o mundo”, afirma.

Ao longo de sua carreira, Maria Inês se especializou na produção de aves e suínos, focando na eficiência produtiva. “Trabalhei muito tempo com produção de ovos, frangos e ovos férteis e hoje, além de continuar minhas atividades como consultora na avicultura e na suinocultura, me dedico também à pecuária bovina, onde busco maximizar resultados respeitando o bem-estar animal.

De acordo com a empresária, “a pecuária precisa ser mais eficiente, e com a intensificação da lavoura de soja e milho, teremos que nos adaptar”, reflete Maria Inês, que se orgulha de fazer parte de uma nova geração de mulheres que lideram o agro com inovação e responsabilidade.

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