Natália Ponse, da redação
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O Brasil é um dos mais importantes produtores de carne bovina no mundo, sendo competitivo ao ponto de chegar ao mercado de mais de 150 países. Isso é resultado de décadas de investimento em tecnologia que elevou não só a produtividade, como também a qualidade do produto brasileiro. Mas, não é só de “coisas” que a evolução do agronegócio é feito – a parte mais importante é composta pelas pessoas.
E é impossível falar de pessoas dentro dessa cadeia sem citar Liège Vergili Nogueira. Natural de Piracicaba (SP), a engenheira agrônoma formada pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP, Piracicaba/SP) dedicou sua vida à pecuária, tanto de corte quanto de leite. Fazendo parte do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, Piracicaba/SP) ao se formar, atuou no setor privado entre as principais empresas da área, sendo convidada em 2010 para iniciar a gestão de projetos da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec, São Paulo/SP), onde permaneceu por três anos. “Após esse tempo, parti para compor a sociedade na divisão de pecuária da Agroconsult (Florianópolis/SC), onde permaneci por quatro anos até retornar à associação, no final de 2016”, explica.
A atual diretora Executiva da Abiec é natural de Piracicaba (SP) e, aos 31 anos, participa da implantação do compliance na entidade, regulamentando e institucionalizando suas políticas, normas e condutas, bem como garantindo a transparência. O objetivo maior, ela explica, é poder colocar em evidência todo trabalho que é realizado diariamente pelo setor, que já atua sob rigorosas regras demandadas pelos órgãos fiscalizadores e pelos consumidores do Brasil e do mundo.
De 2010 a 2012, e agora desde 2016, Nogueira teve a oportunidade de participar da abertura de novos mercados para a carne brasileira, além de evidenciar o produto verde e amarelo dentro e fora do País, valorizando e dialogando com os elos do nosso setor, assegurando que a mensagem mais importante é que de que somente juntos conseguiremos manter a liderança dentro e fora de casa. “Dependemos da ‘saúde’ das nossas relações entre produtor, indústria, distribuição e consumidor”, ressalta.
Mas, apesar do trabalho ser mais direcionado para a exportação, ela aponta que o mercado interno não fica de fora: “Não adianta contar as nossas conquistas, se internamente não nos olharem com respeito e orgulho pelo trabalho que o setor realiza diariamente”. O respeito, aliás, é uma conquista para ela dentro do mercado de trabalho.
Apesar de a presença da figura feminina ainda ser recente quando se olha para a história do mundo corporativo em geral – o que não é uma exclusividade do mundo agro ou da pecuária – há setores com proporções mais igualitárias do que outros. No dia a dia, Liège Nogueira tem como meta virar a mesa e tirar o holofote da questão do gênero, focando em resultados efetivos que a equipe como um todo pode alcançar.
Mantendo-se fiel aos mencionados critérios objetivos de avaliação na busca por profissionais, a Abiec hoje conta com 90% de mulheres em sua equipe. “Mesmo com o orgulho dessa conquista aqui dentro, não tratamos essa proporção como uma bandeira ideológica ou como marketing de oportunidade na agenda do momento. Fazemos questão de lembrar a todos que a avaliação é por entrega”, delimita a profissional.
Para ela, a principal dica para a mulher que almeja entrar ou que está iniciando no agronegócio é a excelência: “Trabalhar naquilo que realmente gosta e não se diminuir por ideais pré-concebidos e clichês desatualizados, que tentam determinar o que uma mulher pode ou deveria fazer” – de fato, ninguém “mandou” que Liège Vergili Nogueira se tornasse uma das principais vozes da pecuária nacional no mundo. Ela foi lá e fez.