O cérebro humano funciona de forma a gravar melhor as informações que envolvem emoções. Isso acontece porque as emoções atuam como amplificadores da memória, tornando as experiências emocionalmente marcantes mais propensas a serem lembradas.
Um exemplo clássico é que atividades dinâmicas, como aulas de educação física, tendem a ser mais atraentes e memoráveis para os alunos do que aulas teóricas, como as de português, que muitas vezes não envolvem emoção. O cérebro só retém o que considera importante, e as emoções indicam justamente isso. Situações que não geram essa resposta emocional acabam sendo esquecidas ou ignoradas.
O modelo TE do cérebro: tálamo-emocional
O modelo TE (Tálamo-Emocional) explica como o cérebro processa informações sensoriais e emocionais. O tálamo, uma área central do cérebro que recebe estímulos sensoriais, trabalha junto com o sistema límbico, que regula as emoções, para criar memórias duradouras. Quando há exposição a estímulos que geram uma forte resposta emocional, como uma situação empolgante ou desafiadora, o tálamo os processa e os envia para áreas cerebrais responsáveis pela formação de memórias, o que resulta em uma retenção mais eficaz do conhecimento.
Por outro lado, quando o processo de aprendizado é puramente mecânico, sem engajamento emocional, essa conexão não ocorre de maneira eficiente. É por isso que atividades como relatórios cheios de números ou palestras monótonas – que não despertam emoções – não são bem lembradas. Elas simplesmente não ativam o modelo TE, e o cérebro não vê valor em armazenar esse tipo de informação.
Como criar experiências de aprendizado eficazes?
Para maximizar a retenção de conhecimento, é importante criar experiências que ativem o modelo TE e conectem o conteúdo a emoções positivas ou desafiadoras. Algumas maneiras práticas de fazer isso incluem:
Conectar o conteúdo à realidade: ao ligar o conteúdo à vida real dos aprendizes, um senso de relevância que facilita a memorização é criado. O cérebro valoriza informações que podem ser aplicadas diretamente, como no uso de simulações e estudos de caso baseados no cotidiano do aluno ou profissional.
Engajar os sentidos: usando estímulos visuais, auditivos e até mesmo sensoriais, diferentes partes do cérebro são ativadas, o que ajuda a fixar o conteúdo. Gráficos, vídeos e elementos sonoros são ferramentas eficazes para enriquecer a memória.
Criar um ambiente emocionalmente envolvente: atividades que envolvem histórias, desafios e feedback constante tendem a gerar mais emoções, o que reforça a memorização. O uso de narrativas pessoais ou de histórias que emocionam ajuda a engajar o lado emocional dos participantes.
Desafios e metas: a criação de desafios que exijam esforço sem causar frustração pode estimular a superação e o envolvimento, além de gamificar o aprendizado para torná-lo mais recompensador. A competição saudável e as recompensas simbólicas podem manter a motivação alta e a atenção focada.
Feedback constante e adaptativo: o aprendizado deve ser ajustado conforme o progresso do participante. O feedback contínuo ajuda a corrigir erros rapidamente e reforça o aprendizado correto, criando um ciclo dinâmico de melhorias, essencial para a memorização de longo prazo.
Repetição espaçada: para que o cérebro consolide o aprendizado de forma eficaz, é fundamental a revisão periódica dos conteúdos. A prática distribuída ao longo do tempo — em vez de uma única sessão intensiva — ajuda a fixar melhor o conhecimento.
Estímulos visuais e auditivos: utilizar recursos visuais, gráficos e elementos sonoros para ativar diferentes áreas do cérebro faz com que o processamento de informações sensoriais enriqueça as memórias e melhore a retenção.
Construção de significado pessoal: incentivar os aprendizes a conectar o novo conhecimento com suas experiências anteriores, desenvolve associações que tornam a informação mais significativa.
Essas estratégias, baseadas no modelo TE, não apenas tornam o aprendizado mais eficaz, mas também mais envolvente, pois se alinham à forma natural de como o cérebro processa e armazena informações. Quanto mais a experiência de aprendizado ativa emoções e conecta o conteúdo à vida prática, maior a chance de sucesso na transferência de conhecimento.
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