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Programa de Novilho Precoce em SC requer atenção

Criado para elevar a qualidade da carne e impulsionar o setor, iniciativa enfrenta barreiras ligadas à classificação dos animais
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Camila Santos, de Chapecó (SC) I [email protected]

O Programa do Novilho Precoce, instituído em Santa Catarina pela Lei 9.193 de 1993 e regulamentado pelo Decreto 2.908 de 1998, que tem como objetivo estimular a comercialização de animais abatidos precocemente, divididos em duas categorias: novilho super precoce, abatido até 20 meses de idade, e novilho precoce, abatido entre 20 e 30 meses, foi tema da palestra de abertura do 3º Fórum de Bovinocultura de Corte, evento integrante do 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite, que ocorre até esta quinta-feira, 07 de novembro, em Chapecó (SC).

Na oportunidade, especialistas apontaram as vantagens do abate precoce para o setor, ressaltando como a medida fortalece a cadeia produtiva e amplia o acesso ao mercado externo. Segundo o palestrante da sessão, Diego de Córdova Cucco, professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), a aplicação do programa traz benefícios para os produtores, permitindo o aumento da qualidade da carne e melhorando a capacidade de produção e giro de capital. “Temos uma boa ferramenta, mas que está sendo usada de maneira limitada. Isso porque cerca de 80% das carcaças são desclassificadas por dois motivos principais: peso e gordura insuficiente, que não protegem a carne adequadamente. O que se nota é a inversão nas causas de desclassificação ao longo dos anos: enquanto em 2020 o peso era o principal fator, a partir de 2022, a falta de gordura passou a ser o maior problema, especialmente para machos não castrados”, explica.

Ele informa que os critérios rigorosos de classificação impactam significativamente a renda dos produtores. “Animais que poderiam se enquadrar como novilhos superprecoces ou precoces acabam desclassificados por pequenas variações de peso. Nas análises notamos que animais com até 20 meses, faltaram apenas 8 kg nos machos e 13,4 kg nas fêmeas para alcançarem a classificação de novilho superprecoce. Já as perdas para o novilho precoce (30 meses), faltam de 23 kg para os machos e 21 kg para as fêmeas, resultando na exclusão de diversos animais dos benefícios fiscais estaduais”, informa Diego.

Evento é organizado pela Nucleovet (Foto: Reprodução)

Essas desclassificações representam uma perda financeira expressiva para os produtores. “No último ano, os pecuaristas deixaram de ganhar cerca de 2,8 milhões de reais devido ao peso abaixo do exigido e mais 4 milhões pela falta de gordura mínima exigida. No total, o setor deixou de receber aproximadamente R$8 milhões em incentivos por conta de tais critérios, ou seja, precisamos de ajustes no período de confinamento e na alimentação dos animais para cumprir os requisitos do programa, maximizando os benefícios financeiros para os produtores e, ao mesmo tempo, contribuindo para a qualidade do produto final que chega ao consumidor”, recomenda.

Flávia Klein, coordenadora estadual de inspeção de abatedouros frigoríficos de ruminantes e do Programa Novilho Precoce na Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), destacou que as desclassificações não só impactam as finanças do produtor, como também representam perdas no incentivo por carcaça. “Um macho com até 20 meses deixou de gerar cerca de R$150 por desclassificação de peso, e, no caso dos machos com até 30 meses, essa perda chegou a quase 160 reais. Para as carcaças desclassificadas por falta de gordura, o valor perdido por carcaça subiu ainda mais, atingindo cerca de R$200″, disse a coordenadora que ressaltou: “o peso mínimo que faltou para qualificação, cerca de 3 a 8 kg em alguns casos, é significativo, considerando que uma pequena permanência a mais na propriedade poderia reverter a situação”.

De acordo com Flávia, é importante entender as particularidades das diferentes regiões do estado de Santa Catarina, onde alguns frigoríficos sequer participam do programa, afetando as oportunidades de adesão. “Para melhorar a política pública, é crucial que se façam ajustes com base em dados concretos. Por isso estamos trabalhando para aprimorar nosso banco de dados e estudar as necessidades locais, buscando, inclusive, entrevistas com frigoríficos e produtores em todas as regiões. Nossa meta é captar as reais demandas do setor e impulsionar a eficiência da produção,” disse a coordenadora.

Além disso, Flávia também reforçou o convite para que produtores interessados no programa busquem o cadastro, que pode ser feito diretamente no site da Cidasc. “Produtores que participam têm a possibilidade de alcançar uma tipificação de lotes no frigorífico e, com isso, obter o incentivo de até 3,5% sobre os animais cadastrados,” informou.

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