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Abril 2023 | 192

Mensagem da editora

Durante missão oficial pela China, o ministro do MAPA, Carlos Fávaro, aproveitou para criticar as taxas de juros “proibitivas” praticadas aqui no País.
“Temos inflação e gastos públicos controlados, estamos trabalhando por um novo marco fiscal e uma reforma tributária, portanto, os juros básicos da economia a 13,75% são proibitivos para aumentar as nossas oportunidades”, discorreu.
O relato veio ao fim da passagem pelo país asiático, que foi considerada um sucesso pela Pasta, com o fim do embargo à carne brasileira, por exemplo, dentre outras conquistas.
Do outro lado do mundo, pelas terras brasileiras, a crítica é a mesma. Durante o Fórum MilkPoint Mercado, o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, determinou: “O grande divisor de águas para o Brasil será quando o Banco Central começar a reduzir a taxa de juros”.
E como os juros afetam o setor? Essa relação já é algo amplamente estudado. Trago um trecho de um documento do Cepea/USP datado de maio de 2004.
“Uma política monetária mais restritiva, que eleve em 10% a taxa de juros, tem um efeito recessivo sobre a taxa de crescimento do PIB da agropecuária de cerca de 54%”.
Além disso, juros em patamares elevados reduzem o emprego e renda do país, contraindo o consumo doméstico de produtos agropecuários, aponta o documento.
Neste cenário, a busca pela sustentabilidade fica em segundo plano. Um artigo no portal da CNA, intitulado “Energia renovável depende de crédito competitivo para deslanchar”, explica bem ao trazer um relato da coordenadora da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), Liciany Ribeiro.
“Nosso principal entrave de investimento é a taxa Selic muito alta. Os recursos subsidiados do Plano Safra não estão sendo suficientes e muitos bancos dizem que não têm mais recursos. Isso dificulta o trabalho, pois sem crédito fica muito limitado”.
Sob pressão para reduzir o nível do juro básico, no fim de março, durante coletiva, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a taxa Selic deveria ser de 26,5% ao ano.
Infelizmente, enquanto não há consenso, o País segue nesse marasmo econômico. “É frustrante abrir tantas oportunidades aqui na China e os empresários brasileiros não conseguirem pegar investimentos com juros dessa forma”, lamenta o ministro Carlos Fávaro.

João Paulo Monteiro
Editor

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