Apesar dos problemas detectados no ano passado com o fornecimento de vacinas, a campanha de vacinação contra a febre aftosa segue em ritmo positivo. Conforme determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para este ano ocorreu a inversão das etapas no Estado de São Paulo.
“A expectativa é que todos os animais com até 24 meses no Estado de São Paulo sejam imunizados até o final deste mês — aproximadamente 4,8 milhões de cabeças”, afirma o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), Fábio de Salles Meirelles.
Os dados são da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA). Os lançamentos no sistema de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave) estão sendo feitos de maneira correta, com os produtores vacinando a faixa etária estipulada pelo programa.
Em novembro do ano passado, a FAESP constatou a dificuldade de pecuaristas paulistas em imunizar os rebanhos de bovinos e bubalinos durante a segunda etapa de vacinação contra febre aftosa, devido à falta de oferta de doses em estabelecimentos que comercializam o produto.
O MAPA verificou que, para a primeira etapa deste ano (maio), haveria baixa disponibilidade do produto e que, provavelmente, a demanda não seria atendida. Por esse motivo inverteu a estratégia nos estados que compõem o Bloco IV do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA), dentre os quais São Paulo faz parte.
Com a inversão do calendário, neste mês estão sendo vacinados os animais com até 24 meses, e apenas em novembro será a vez de todo o rebanho. Como a quantidade necessária de doses para atender apenas o gado mais jovem é bem menor, a medida soluciona o fornecimento aos produtores.
A inversão do calendário vacinal não interfere em nada na segurança sanitária dos animais e nem na programação do PE-PNEFA. A FAESP monitorou esse processo e não recebeu nenhuma comunicação de falta de vacinas ou de dificuldade de acesso às doses. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (SINDAN) colocou-se à disposição para atender toda e qualquer revenda que não tivesse o imunizante.
Risco de aborto
Uma das preocupações dos produtores é quanto ao maior risco de aborto ao se vacinar todo o rebanho no final do ano. Isso porque há uma programação feita previamente pelos criadores, tanto para a estação de monta quanto para inseminação artificial. Quando os animais com até 24 meses — que ainda não atingiram maturidade sexual para reprodução — são imunizados na segunda etapa em novembro (segundo o calendário usual), o produtor não precisa se preocupar com o período de monta ou inseminação, porque as vacas que vão entrar em fase reprodutiva (as que tem mais de 24 meses) não participam desta fase. Neste ano, com a inversão do cronograma, em que a totalidade do rebanho paulista será imunizada em novembro, nas fazendas que fazem cria e produção de bezerro e que já tinham sua programação definida previamente, aumenta a chance de haver mais abortos nas vacas destinadas a reprodução.
Pensando nessa situação, para não prejudicar os produtores rurais que fazem o manejo reprodutivo nos animais como, por exemplo, Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), o MAPA atendeu o pedido da CNA com relação à antecipação ou postergação da etapa. Para a segunda etapa de vacinação em específico, a ser realizada em novembro e envolvendo todo o rebanho bovino e bubalino, os produtores poderão solicitar autorização aos serviços veterinários estaduais para realizar a vacinação de seus animais a partir de primeiro de outubro, ou postergar para dezembro, dependendo do planejamento reprodutivo utilizado no rebanho.
Esta decisão é válida para os estados que compõem o Bloco IV do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA): Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe, São Paulo, Tocantins e o Distrito Federal.
Próxima meta: deixar de vacinar
O último foco de febre aftosa em São Paulo foi registrado em março de 1996, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Com as metas de erradicação da febre aftosa com imunização atingidas, a agropecuária paulista busca agora evoluir para um status sanitário no qual a vacinação não seja mais necessária.
Para isso, São Paulo vem criando condições de cuidados sanitários e de vigilância bastante exigentes e eficientes a fim de manter o combate e prevenção à febre aftosa na pecuária para que o Estado seja declarado área livre da doença sem vacinação. Esse processo é fundamentado na avaliação contínua de indicadores monitorados regularmente por equipes gestoras do plano estratégico, formadas pelos setores público e privado nas esferas estadual e nacional.
A FAESP representa o setor privado na Comissão de Coordenação dos Grupos de Estado (CCGE) do bloco do qual São Paulo faz parte. A Federação faz um trabalho constante de conscientização sobre a educação sanitária junto ao pecuarista, fator vital para a evolução do plano de vigilância.
Com o fim da vacinação, haverá redução de custos aos produtores paulistas (dos valores gastos com as doses e a estrutura necessária à aplicação) e poderá possibilitar que eles comercializem para países que pagam mais pela carne bovina de regiões do chamado circuito não-aftósico, sem uso de imunizantes. Isso acabará ainda com a necessidade de remoção de abcessos que surgem como resposta imunológica no organismo dos animais vacinados.
O MAPA divulgou no final de abril que, após a última etapa de vacinação contra febre aftosa (em novembro), irá suspender a imunização no Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins e Distrito Federal. Com isso, cerca de 113 milhões de bovinos e bubalinos deixarão de ser vacinados — o equivalente a quase metade do rebanho de todo o País. Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso já possuem a certificação internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação.
Das unidades da Federação que fazem parte do Bloco IV, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Sergipe não foram anunciadas pelo MAPA como regiões a serem consideradas livre de aftosa sem vacinação após a etapa final de imunização deste ano. Conforme já informado, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA/SAA-SP) está em tratativas com o MAPA a fim de apontar os avanços do estado para que possa também entrar na lista dos que não precisarão mais imunizar os rebanhos a partir do ano que vem. Para isso, iniciou um trabalho em conjunto com o MAPA para detalhar os critérios de avaliação do Ministério.
Fonte: A.I, adaptado pela equipe feed&food.
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