É essencial que profissionais pensem além do mercado chinês
Ao se pensar a longo prazo, consultoria de agronegócios do Itaú BBA aponta que exportadores brasileiros de carne suína precisam diversificar clientes e reduzir a excessiva dependência da China. O banco aponta que, em 2021, o país asiático deverá retomar o avanço na produção da proteína.
A Peste Suína Africana, que dizimou o plantel chinês, foi responsável pela maior procura da carne brasileira. Só de janeiro a setembro deste ano, as vendas do Brasil ao país asiático somaram 376,7 mil toneladas, porcentagem 218% maior que no mesmo período de 2018, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A China, que em 2018 respondia por 25% da carne suína exportada pelo Brasil, agora absorve mais de 50% do total, em volume. De janeiro a setembro de 2020, os frigoríficos brasileiros exportaram 754,4 mil toneladas, angariando US$ 1,6 bilhão. As vendas aos chineses renderam US$ 914 milhões, respondendo a 55% do total.
Para o Banco, a recomposição do plantel de suínos da China, que está em andamento, exigirá que o Brasil aumente as vendas para países como Japão e Coreia do Sul, mercados abertos mas pouco acessados pelo País, e para o México, que é um grande importador mas não é aberto ao Brasil. “Na hipótese de um futuro sem a China importadora, ou pouco dependente, o produto brasileiro precisará buscar avanços nestes outros destinos importantes”, realça o Itaú BBA, ressaltando que o Conselho de Estado chinês estipulou como meta uma autossuficiência de 95% em carne de porco.
O Itaú BBA também recomenda cautela às indústrias e aos produtores de suínos do País nos investimentos, já que a maturação do investimento na produção de suínos é longa. Nesse contexto, uma expansão da produção poderia coincidir com a retomada da oferta da carne produzida na China, criando um “descompasso” com a demanda dos chineses por carne.
Fonte: Itaú BBA e Valor Econômico, adaptado pela equipe feed&food.