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Símbolo de fartura nas celebrações, carne de peru enfrentou desafios no mercado brasileiro em 2024

Segundo dados do Agrostat Brasil, nos primeiros oito meses de 2024, o Brasil exportou 38.054 toneladas de carne de peru, uma redução de 19,8% em volume e 54,6% em receita cambial em comparação ao mesmo período de 2023
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Camila Santos I camila@dc7comunica.com.br

A tradição de servir peru na ceia de Natal é um costume que atravessa fronteiras e séculos. Originária das Américas, a ave tornou-se símbolo de fartura e união em celebrações familiares, ganhando espaço nas mesas de diversos países. No entanto, a história por trás dessa tradição contrasta com os desafios enfrentados atualmente pelo mercado brasileiro de carne de peru, que registrou quedas expressivas em 2024, com preço médio de US$ 2.386,81 por tonelada da carne de peru “in natura” (96,1% do total exportado: 36.577 t e US$ 87,303 milhões), 12,7% menor que o valor médio de US$ 2.735,07 por tonelada do ano anterior, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Agrostat Brasil

Segundo o levantamento, nos primeiros oito meses de 2024, o Brasil exportou 38.054 toneladas de carne de peru, uma redução de 19,8% em volume e 54,6% em receita cambial em comparação ao mesmo período de 2023, enquanto a receita totalizou US$ 93,035 milhões, evidenciando o impacto da queda nos preços e na demanda internacional. Os estados líderes na exportação de carne de peru foram Santa Catarina, com 16.009 toneladas e US$ 38,335 milhões; Rio Grande do Sul, com 13.841 toneladas e US$ 35,067 milhões; e Paraná, com 8.180 toneladas e US$ 19,550 milhões, sendo que todos registraram quedas tanto em volume quanto em receita cambial em relação ao ano anterior, destacando-se o Rio Grande do Sul, com um declínio de 45,2% na receita.

Santa Catarina lidera exportações nos oito primeiro meses do ano (Foto: Repordução)

O boletim aponta que os principais destinos das carne de peru brasileira nos oito primeiros meses de 2024 foram o México (6.473 t, US$ 20,514 milhões), África do Sul (6.428 t, US$ 9,005 milhões), Chile (4.949 t, US$ 14,970 milhões), Países Baixos (4.329t, US$ 16,539 milhões) e Guiné Equatorial (1.705 t, US$ 2,659 milhões).

Protagonista do Natal

De acordo com uma reportagem publicada no site Tudo Gostoso, de autoria da jornalista Paula Araripe, a introdução do peru como prato principal em celebrações remonta ao século 16, quando exploradores ingleses levaram a ave do México para a Europa. Embora raro no Velho Continente, o peru já era um alimento comum nas Américas. Sua popularidade cresceu especialmente na América do Norte, onde se tornou o prato principal do Dia de Ação de Graças, celebrado em novembro. No século 20, com a industrialização e a redução de custos, o peru consolidou seu papel como ícone das ceias de Natal em diversas culturas, incluindo o Brasil.

No Brasil, o consumo de peru no Natal reflete essa herança norte-americana. O prato tornou-se sinônimo de celebração e fartura, representando conquistas e união familiar. Sua carne abundante permite alimentar grandes grupos, reforçando seu simbolismo de prosperidade e gratidão, elementos centrais das festas de final de ano.

Tradição secular, peru deve protagonizar no Natal dos brasileiros (Foto: Reprodução)

Assim, a história e o significado do peru como símbolo de fartura continuam a iluminar as mesas natalinas ao redor do mundo. No entanto, para que essa tradição permaneça forte, o setor enfrenta o desafio de alinhar a preservação cultural à adaptação econômica, garantindo que a carne de peru siga representando união e prosperidade nas celebrações futuras.

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