Natalia Ponse | [email protected]
Durante a abertura do 16º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), realizado em Chapecó (SC) entre os dias 13 e 15 de agosto, o ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, fez uma análise profunda sobre os rumos da economia brasileira, destacando a inovação tecnológica e a educação como elementos essenciais para o desenvolvimento sustentável do país.
Com sua vasta experiência, que inclui passagens pelo Ministério da Fazenda, Banco Central e negociações internacionais, Malan trouxe uma perspectiva histórica e ao mesmo tempo visionária sobre os desafios e oportunidades que o Brasil enfrenta.
Na palestra magna intitulada “Trinta anos do Plano Real e as lições para o futuro da nossa Economia”, Malan traçou um panorama das últimas três décadas, ressaltando os acertos e aprendizados proporcionados pelo Plano Real, do qual foi um dos principais arquitetos. Ele enfatizou a necessidade de o Brasil continuar se adaptando às mudanças globais, especialmente no que tange à inovação e à tecnologia.
“O futuro do Brasil depende da nossa capacidade de inovação e adaptação tecnológica”, afirmou, apontando que esses fatores só serão sustentáveis com políticas públicas sólidas e um investimento contínuo na formação de talentos.
Malan também destacou a importância da educação básica como alicerce para o desenvolvimento econômico e social do país. “A nossa responsabilidade social e políticas públicas na área de educação e saúde exigem um foco muito maior do que temos sido capazes de oferecer”, disse o ex-ministro, sublinhando que a formação de capital humano desde os primeiros anos de vida é crucial para o futuro do Brasil.
Em um comparativo com países que alcançaram grandes avanços econômicos, como Japão, Coreia do Sul e China, Malan mencionou o modelo chinês como um exemplo de sucesso que, em apenas 40 anos, transformou o país em uma potência econômica global. “Eles investiram massivamente em educação, ciência e tecnologia, e souberam se integrar globalmente. Esse é um exemplo de que não basta apenas crescer economicamente; é preciso transformar a sociedade como um todo”, observou.
O ex-ministro também abordou o papel fundamental do agronegócio na economia brasileira, destacando o extraordinário crescimento da produção de grãos e a competitividade do setor no mercado internacional. No entanto, ele alertou para os desafios enfrentados pela indústria manufatureira nacional, que ainda luta para se manter competitiva.
“O verdadeiro teste de eficiência de uma economia é sua capacidade de competir internacionalmente. O agronegócio brasileiro tem demonstrado isso, e esse avanço tecnológico veio para ficar”, afirmou Malan, reconhecendo a importância da inovação tecnológica para o sucesso do setor.
Seguindo a linha de reflexão sobre os desafios do setor agropecuário, o chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Krabbe, trouxe à tona questões críticas para o futuro da suinocultura brasileira. Krabbe destacou o papel da Embrapa na geração de conhecimento e como a entidade tem contribuído para o avanço da suinocultura no Brasil ao longo dos anos.
Ele apresentou dados que refletem os avanços significativos do setor, como o aumento da produtividade e a redução dos custos de produção. “Nos últimos 16 anos, conseguimos agregar entre 0,4 a 0,5 leitão desmamado por ano e reduzir em 50 quilos a quantidade de alimento necessário para produzir um suíno com o mesmo peso”, disse Krabbe, evidenciando a eficiência e a competitividade da suinocultura brasileira.
Apesar dos avanços, Krabbe não deixou de alertar para os desafios que ainda precisam ser enfrentados. Ele mencionou a ausência de uma estratégia nacional robusta em áreas como rastreabilidade e sustentabilidade, fatores que podem comprometer a competitividade do país no cenário internacional.
“Ainda falta um sistema nacional de rastreabilidade da carne suína, o que é essencial para mantermos nossa posição no mercado global”, apontou Krabbe. Ele também expressou preocupação com a sanidade animal, citando a divisão do país entre zonas livres e não livres de peste suína clássica, e a necessidade de medidas mais efetivas para combater essa e outras doenças.
Com a palavra, o presidente
O presidente do Núcleo Oeste de Médicos Veterinários (Nucleovet), Tiago José Mores, reforçou a importância do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura como um evento central para a atualização dos profissionais e empresas do setor. Mores destacou que, ao longo de suas 15 edições, o simpósio se consolidou como um espaço essencial para a troca de conhecimentos e a discussão de tendências e inovações na suinocultura. “Este evento se consolidou como um palco privilegiado para a discussão de tendências e inovações na suinocultura”, afirmou Mores.
O presidente do Nucleovet também ressaltou o desempenho histórico das exportações brasileiras de carne suína, que atingiram 614 mil toneladas no primeiro semestre de 2024, o melhor resultado já registrado para o período. Ele enfatizou que o crescimento do consumo per capita de carne suína no mercado interno, que chegou a 20 quilos, reflete a crescente aceitação do produto entre os consumidores brasileiros, impulsionada por campanhas educativas e melhorias nos processos produtivos.
Mores mencionou a importância da inovação, da tecnologia e das práticas sustentáveis para o futuro da suinocultura brasileira, encorajando os participantes do simpósio a aproveitarem ao máximo as discussões e interações durante o evento. “Estamos comprometidos com o desenvolvimento contínuo do setor no Brasil e no mundo, e desejamos que esta seja uma semana produtiva e inspiradora para todos”, concluiu.
A cerimônia de abertura do SBSS deixou claro que, apesar dos desafios, o Brasil tem potencial para continuar avançando no cenário global, desde que invista em inovação, educação e políticas públicas robustas. As palavras de Pedro Malan, Everton Krabbe e Tiago José Mores reforçam a necessidade de um trabalho conjunto e de uma visão de longo prazo para garantir que o país se consolide cada vez mais como uma potência econômica e um dos maiores celeiros de alimentos do mundo.
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