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Saiba quais especializações o mercado demanda

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Natália Ponse, da redação

natalia@ciasullieditores.com.br

O agronegócio brasileiro trabalha intensamente para levar alimento às famílias de todo o mundo. Nesse território temos genética avançada, nutrição animal qualificada, status sanitário invejado por muitos países e passaporte de exportador com livre acesso (mais de 150 países confiam em nossa produção e importam nossos produtos). O Brasil está pronto para alimentar o mundo no desafio 2050, quando o mundo, de acordo com a ONU, terá quase 10 bilhões de pessoas – e nós somos a principal nação responsável por alimentá-las. O setor ainda é destaque na economia, representando ¼ do PIB Nacional, empregando mais de seis milhões de pessoas. Tudo isso sem deixar de lado a preocupação ambiental: o Brasil, mesmo com 61% do território preservado, tem uma das legislações ambientais mais rigorosas e restritivas do mundo.

O Brasil tem um rebanho de 5,7 bilhões de aves, 214 milhões de cabeças de gado e 37 milhões de suínos, utilizando 21,2% de suas terras para pecuária e tem potencial para dobrar a produção, utilizando a mesma área atual. A expectativa do setor é sair de 7% para 10% do mercado de exportação global. Tudo isso representa a expansão do mercado de atuação do médico-veterinário.

Independentemente da atividade escolhida, o importante a destacar é a necessidade de capacitação continuada. “O profissional deve se especializar. O recém-formado em medicina-veterinária é um grande generalista. Por isso, é dever de um bom profissional buscar desenvolver e estabelecer competências e especialidades”, recomenda a assessora técnica do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Erivânia Camelo.

O CFMV defende a educação presencial, é contrário ao ensino a distância e se articula politicamente para que sejam estabelecidas políticas que restrinjam cursos superiores sem condições mínimas de oferecer formação de qualidade. “Por outro lado, com vistas a contribuir socialmente com as boas referências, o CFMV também tem o processo de acreditação dos cursos de graduação de Medicina Veterinária, que avalia a qualidade dos cursos e torna transparente a excelência do ensino superior para a sociedade e as próprias instituições”, salienta Camelo.

Para ajudar o profissional que se vê em meio a tantas opções, a feed&food traz nesta reportagem quais são as especializações para o médico-veterinário que, de acordo com o CFMV, o mercado do agronegócio mais demanda atualmente e continuará exigindo no futuro, afinal, temos que #AlimentarOMundo.

#1 – Avicultura. Pelo volume do plantel, este setor tende a ser a especialidade mais requisitada por empregar mais profissionais. “Tem amplo campo de trabalho para o médico-veterinário nas áreas de pesquisa para melhoramento genético, bem como para nutrição dos animais. Além, é claro, da atuação de campo no manejo em criatórios, que pode ser voltado tanto para o corte como para a produção de ovos”, conta Erivânia Camelo. Há também toda a questão de melhoria do bem-estar animal, que movimenta uma prática nova de mercado e requer um profissional especializado nesse segmento.

A assessora técnica do CFMV ainda ressalta que o Brasil possui a melhor avicultura do mundo do ponto de vista sanitário, já que está livre de Influenza e de Newcastle. Até por isso o País é um dos maiores exportadores de carne de frango para mais de 158 países, com faturamento anual em torno de U$ 8 bilhões. “Em função dessa grande demanda do mercado internacional, a atuação do médico-veterinário é mais requisitada na avicultura. Justamente para implementar os planos de contingência, que evitam a chegada de doenças ao plantel brasileiro”, pontua.

#2 – Suinocultura. Apesar de ser uma atividade ainda considerada compacta no Brasil, a suinocultura é outra especialidade que demanda mais a dedicação da medicina-veterinária para manejo, reprodução e nutrição. Conforme conta Camelo, essa última área investe pesado em pesquisa genética para que o animal atinja o peso ideal em pouco meses.

“O rebanho brasileiro da suinocultura ainda é pequeno em relação à produção de outras proteínas animais, mas tende a ser um mercado promissor para o profissional, pois, além da pesquisa genética, de melhoramento animal e de reprodução, existe toda a cadeia de prevenção das doenças e de educação sanitária que exigem a atuação direta do médico-veterinário nas produções”, explica a especialista.

#3 – Pecuária. No caso do rebanho bovino, o maior do Brasil, muitas enfermidades já foram erradicadas, como febre aftosa e peste bovina. “É uma conquista maravilhosa para o País, pois valoriza o produto no mercado internacional e demonstra a evolução do plantel brasileiro, bem como a seriedade dos profissionais e autoridades no enfretamento das questões sanitárias. O controle das doenças se faz necessário e permanente, com vacinação periódica e com a presença do médico-veterinário”, conta.

#4 – Aquicultura. Este é, na opinião de Erivânia Camelo, o futuro da profissão. “O Brasil tem a maior reserva de água doce do planeta. O país conta com enorme diversidade de espécies de peixes de rio e de mar. Não é uma atividade para o médico-veterinário com carreira consolidada, mas um ramo com grande potencial de exploração”, diz. De acordo com ela, requer que as universidades invistam nessa especialidade, especialmente as faculdades inseridas no contexto dos grandes complexos hídricos, como Amazonas e Pantanal, e também os cursos em cidades próximas à costa marítima.

Ela aponta, ainda, que existem os criatórios em tanques como possibilidade de atuação. “O mercado interno de consumo da proteína ainda possui enorme capacidade de crescimento, sem mencionar as possibilidades de exportação. Uma atividade em ascensão e repleta de novas oportunidades para o médico-veterinário”, afirma.

#5 – Ovinos e Caprinos. Ovinos (ovelhas e carneiros) e caprinos (cabra e bode) ainda são mercados com previsão de expansão para o médico-veterinário. A ovinocultura está muito concentrada no sul do País e está voltada para a produção de lã e de carne, especialmente de cordeiro. “Ainda atende um nicho reduzido, não é uma proteína que está no hábito diário da população, mas é considerado um mercado em ascensão, especialmente para atender a alta gastronomia”, explica.

Já a caprinocultura é uma atividade praticamente de subsistência e tem importância social relevante na estrutura da agricultura familiar – e tem um destaque: conta com o protagonismo feminino em grande parte de seu manejo. “Especialmente na ordenha para captação de leite, que costuma ser fonte de renda e alimentação das famílias que criam os rebanhos”, finaliza a assessora técnica do CFMV.