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Redução do uso de antibióticos no período seco

Redução do uso de antibióticos no período seco Artigo baseado em material produzido por Ynte H. Schukken e Ana I.de Prado
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Foto: reprodução
Artigo baseado em material produzido por Ynte H. Schukken e Ana I.de Prado

Artigo baseado em material produzido por Ynte H. Schukken e Ana I.de Prado

O Conselho Nacional de Mastite (NMC) aconselha que o tratamento seja realizado nos quartos mamários, em todas as vacas do rebanho, no momento da secagem. A medida visa tratar as mastites existentes e prevenir o surgimento de novas infecções nas primeiras semanas pós-secagem. Seria de grande valia se as vacas mais propensas às mastites no início do período seco pudessem ser identificadas no rebanho. Estudos indicam que a taxa de cura das vacas infectadas com os principais patógenos de campo, durante o período seco, é de aproximadamente 60%. O que mostra que 40% das vacas infectadas no mesmo período e tratadas da mesma maneira, não são curadas com a antibioticoterapia. Da mesma forma, o tratamento com antibióticos em vacas secas, previne novas infecções intramamárias apenas em cerca de 5% a 10% das vacas.

Nos rebanhos onde a contagem de células somáticas (CCS) é baixa, é razoável assumir que poucas vacas são infectadas com os principais patógenos de campo no momento da secagem. A terapia de vacas secas deve ser, principalmente, voltada para a prevenção de novas mastites, pois esses rebanhos apresentam poucos casos de infecções intramamárias pré-existentes.

Atualmente, os criadores vêm investindo na utilização consciente da antibioticoterapia, pois o uso indiscriminado de antibióticos está sob vigilância em diversos países. Como o tratamento das vacas fora do período de lactação é o único uso preventivo de antibióticos da indústria leiteira, é importante considerar as oportunidades existentes para o emprego mais seletivo e racional da medida. Para isso, é necessário pensar em alternativas que proporcionem a redução do uso de antibióticos e auxiliem na proteção da glândula mamária.

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Esse artigo visa abordar as estratégias futuras para redução da antibioticoterapia durante o período seco em rebanhos leiteiros (Foto: reprodução)

Eficácia da terapia de vacas secas para prevenção de novas infecções intramamárias. Estudos demostraram que a escolha adequada do antibiótico, utilizado na terapia de vaca seca, está diretamente relacionada com os índices de cura das mastites no período seco e durante a lactação. Levar em consideração a susceptibilidade antibiótica in vitro durante a escolha do antibiótico que será utilizado no tratamento in vivo é de grande valia, especialmente em casos isolados da bactéria Staphylococcus aureus que produz inibidores de beta-lactamase (β-lactamase).

Fatores de risco para novas infecções intramamárias durante o período seco. Durante as primeiras semanas, após a secagem e antes do parto, as vacas estão mais susceptíveis ao desenvolvimento de novas infecções intramamárias. Porém, o risco não é igual para todo o rebanho. Alguns fatores que ocorrem em todo o quarto mamário podem influenciar no aparecimento das mastites, entre eles: a integridade individual de cada teto, a população bacteriana presente na extremidade do teto, o fechamento do esfíncter e a formação do tampão de queratina.

A formação do tampão de queratina e o fechamento do teto ocorre, normalmente, 16 dias após o fim da lactação. Estudos avaliaram a taxa de fechamento, em condições naturais à campo, obtendo os seguintes resultados: Cerca de 3% a 5% dos tetos nunca se fecham, e 97% das mastites que ocorreram durante o período seco foram em tetos sem tampão de queratina.

As influências da idade e do nível produtivo das vacas também foram investigadas, já que podem ter um papel no processo de involução da glândula mamária. De fato, durante as três primeiras semanas da secagem, que corresponde à involução ativa da glândula mamária, eventos fisiológicos podem inibir a capacidade de defesa da glândula mamária e favorecer o crescimento bacteriano na região.

Um alto nível produtivo imediatamente antes da secagem é um dos principais motivos para o vazamento de leite. Estudos indicam que vacas com vazamento de leite, fora do período de lactação, tiveram um risco seis vezes maior para o desenvolvimento de novas mastites, em relação às vacas que não apresentaram escape.

Um estudo multicêntrico realizado na Europa demonstrou que vacas com vazamento de leite durante a secagem tiveram duas vezes mais chances de desenvolver mastites clínicas do que aquelas que não apresentaram o problema. Isso, destaca a importância da prevenção eficaz dos vazamentos.

As estratégias de manejo utilizadas pelos produtores no momento da secagem algumas vezes não são baseadas em consensos estipulados por especialistas. A Figura 1 traz uma visão geral dos potenciais fatores de risco para o surgimento de mastites, associados ao manejo no período seco.

O que acontece para a saúde do úbere quando reduzimos o uso de antibióticos no período seco? Um estudo de Scherpenzeel et al. (2014) mostrou que com a redução do uso de antibióticos durante o período seco, o número de infecções intramamárias e a quantidade de mastites aumentam inicialmente. De qualquer modo, a antibioticoterapia não garante a proteção total do rebanho, como visto anteriormente. A falta de uma solução de longo prazo foi apontada em 1972 por Eberhart e Buckalew.

Os pesquisadores avaliaram que os quartos mamários tratados e curados durante a terapia de vaca seca tinham um risco três vezes maior de serem infectados novamente, durante a lactação subsequente, quando comparados com os quartos que não foram contaminados durante a secagem. O estudo apontou que o tratamento durante o período sem lactação é capaz de tratar as infecções existentes, mas a susceptibilidade inerente à infecção é retida.

É importante ressaltar que os pesquisadores argumentavam a favor de políticas de prevenção das infecções intramamárias durante a secagem. Como mostrado na Figura 2 os tetos sem infecção intramamária na secagem podem ser separados em três categorias: tetos que não terão infecção intramamária, com ou sem intervenção; tetos que terão infecção de qualquer maneira; e tetos em que as infecções podem ser prevenidas por intervenção. Da mesma forma, os tetos com infecções intramamárias pré-existentes são divididos em dois segmentos: tetos que podem ser curados através do tratamento e tetos que não podem ser curados de maneira nenhuma.

Os objetivos das propriedades a longo prazo é reduzir o número de vacas não curáveis/ inevitáveis (pontos vermelhos) e aumentar o número de animais evitáveis/curáveis (pontos amarelos) de acordo com um plano estratégico que associe tratamentos e reprodução.

Quais as alternativas existentes além da antibioticoterapia? Levando em consideração o uso racional de antibióticos, as medidas que reduzem as chances de novas infecções, sem utilizar o medicamento, são cada vez mais importantes para indústria leiteira. Atualmente no mercado existem duas alternativas disponíveis para auxiliar na secagem: selantes internos de teto e facilitador de secagem.

Selantes internos de teto. Os selantes internos de tetos criam uma barreira física no local. Esse tipo de produto está no mercado há vários anos e diversos estudos de campo demostram sua eficácia na proteção contra novas infecções intramamárias igual ou superior, se comparada com os animais tratados com antibioticoterapia, ou com aqueles que não receberam nenhuma intervenção.

Nas circunstâncias atuais, o selante de teto é uma alternativa útil para o tratamento de vacas que não foram infectadas durante a secagem.

Facilitador de secagem. O único facilitador de secagem disponível no mercado é o Velactis®. O produto age no hipotálamo e suprime a produção de prolactina na glândula pituitária. Como consequência, a produção de leite é reduzida e as vacas ficam menos propensas ao vazamento de leite. Foi comprovado que o Velactis reduz a produção de leite diminuindo o ingurgitamento do úbere e o vazamento de leite, e também melhora o bem-estar animal.

Um estudo recente avaliou a eficácia de uma injeção intramuscular de Velactis® em diferentes raças de vacas leiteiras, para reduzir o risco de vazamento de leite e de novas infecções intramamárias durante a secagem e após o parto.  Esse estudo multicêntrico, duplo-cego e randômico foi realizado em condições de campo e obteve os seguintes resultados: A porcentagem de vacas com vazamento de leite no primeiro dia após a secagem foi menor no grupo que utilizou Velactis (2.0%) comparado com o grupo de controle (10.7%). A porcentagem de novos tetos infectados no parto também foi significantemente menor no grupo que utilizou Velactis (20.5%) em comparação ao grupo de controle (25.9%). Esses estudos mostram que uma única dose intramuscular de Velactis no período seco reduziu de forma significativa o vazamento de leite no primeiro dia após a secagem e consequentemente, diminuiu os casos de novas infecções intramamárias durante a secagem e no pós-parto.

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Levando em consideração o contexto atual, que visa a utilização consciente de antibióticos durante o período seco, o facilitador de secagem é uma excelente ferramenta para auxiliar na redução de novos casos de mastite durante o período seco (Foto: reprodução)

A prevenção de novas infecções durante a secagem é um dos principais desafios para a indústria leiteira. A antibioticoterapia indiscriminada durante o período de secagem está sob vigilância constante e um número crescente de países regulará seu uso em um futuro breve.

Portanto, alternativas não-antibióticas são necessárias para manter a saúde do úbere nos rebanhos leiteiros. A partir disso, novas estratégias já estão disponíveis, isoladas ou em associações e podem melhorar a saúde do úbere e cumprir o objetivo de reduzir o uso de antibióticos. O uso do Velactis® na secagem é uma opção de abordagem que tem efeitos na redução de fatores de risco, como alta produção e vazamento de leite. Além de melhorar a involução da glândula mamária, o que auxilia na redução dos riscos da vaca desenvolver uma infecção intramamária durante o período seco e imediatamente após o parto.

Fonte: Ceva Saúde Animal.