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Recursos Humanos na Pecuária de corte: um dos elementos de competitividade

Compreender que o êxito de uma empresa agropecuária está diretamente relacionado ao engajamento da equipe, é o primeiro passo para alcançar grandes resultados
Por Equipe Feed&Food

Por I Júlio Barcellos, Mariana Leão, Giovanna Zucco e Maria Antônia Arcari – NESPro

Atualmente, os sistemas de produção enfrentam novos desafios, sejam climáticos, financeiros ou relacionados aos recursos humanos. Na pecuária, por sua vez, não é diferente. Os números exigem, cada vez mais, que cada decisão seja muito assertiva. Dentre tantas demandas importantes para o gerenciamento de uma fazenda com criação de gado, uma eficiente gestão de pessoas está entre as prioridades.

O pecuarista que deseja melhorar os resultados na pecuária de corte precisa perceber a importância da tecnologia de processos – o como fazer em cada atividade – que é a base do da sua eficiência e produtividade. Entender as demandas da sua fazenda que quando direcionada, por exemplo, para a pecuária de cria, apresenta um sistema mais complexo e exigente (Figura 1), e o papel de cada uma delas, é o primeiro passo para garantir que os colaboradores tenham as habilidades necessárias e cumpram com as suas responsabilidades. Essa conjuntura, quando dominada, resulta em uma administração eficiente dos recursos humanos e influencia diretamente no sucesso do negócio, além da sua inserção dentro do atual mercado competitivo.

Compreender que o êxito de uma empresa agropecuária está diretamente relacionado ao engajamento da equipe, é o primeiro passo para alcançar grandes resultados. Atualmente, somente pagar o salário do colaborador não é o suficiente. Embora no passado a oferta de mão de obra fosse maior do que a demanda, fazendo com que os funcionários permanecessem no local de trabalho mesmo em condições inadequadas, o cenário atual mudou. A crescente tecnificação do campo e a migração de trabalhadores rurais para as cidades exigem atitudes que vão além das práticas tradicionais de gestão para assegurar uma equipe na fazenda.

Figura 1 – Fluxograma das etapas do sistema de cria (Fonte: Nespro)

Para que um funcionário decida permanecer trabalhando na propriedade rural, o proprietário precisa levar em consideração não só uma série de questões relacionadas à estrutura das acomodações disponíveis, alimentação, rede de internet, condições de trabalho, mas também precisa fazer com que o seu colaborador se sinta pertencente ao sistema da fazenda e entenda que seja peça fundamental nesse sistema (engrenagem), ou seja, que precisa estar presente para que o todo funcione adequadamente. Assim, a boa gestão de pessoas no campo se torna ainda mais crucial, buscando motivar, escutar, reconhecer talentos, engajar, treinar e, principalmente, reter os bons colaboradores para que os investimentos envolvidos em treinamentos seja otimizado no tempo de permanência na fazenda. O foco do atual modelo é a gestão do capital humano, garantindo que os profissionais se sintam valorizados, motivados e entreguem resultados mais consistentes.

Por isso, uma cultura organizacional forte se baseia em uma comunicação aberta e honesta, ou seja, é necessário que os colaboradores entendam o que a empresa espera deles. Os componentes dessa prática incluem valores, missão, visão, normas, protocolos e o ambiente de trabalho, todos fundamentais para alinhar os colaboradores a um propósito comum e tornar clara a importância de seguir o processo. Essa troca constante de informações permite identificar problemas, coletar ideias e implementar melhorias, além de fortalecer o relacionamento entre as partes. Ao ouvir e ser ouvido, a equipe se sente valorizada e motivada a contribuir para o sucesso do negócio. Principalmente dentro da empresa rural, onde a falta de mão de obra qualificada é uma realidade, organizar treinamentos da equipe, é um mecanismo organizacional efetivo. Eles devem ser feitos de forma assídua e com base nas principais dificuldades operacionais da empresa, com o objetivo de identificar falhas, ensinar as tarefas corretamente, promover a integração entre as partes e remanejar cada colaborador em suas respectivas funções – essas, combinando com suas novas ou antigas habilidades.

Equipe que se sente valorizada e motivada contribui para o sucesso do negócio (Foto: Reprodução)

Para uma gestão eficiente de recursos humanos, é fundamental entender as necessidades reais dos colaboradores. Nesse contexto, o supervisor da fazenda desempenha um papel crucial, garantindo que as operações sejam executadas conforme o planejado e reconhecendo os fatores motivacionais de sua equipe. Os funcionários não são apenas regidos por seus contratos de trabalho. Para alcançar resultados de excelência, maximizar lucros e aumentar o nível de engajamento, a motivação deve ser incentivada por meio de programas de premiações e recompensas. Além de cumprir as obrigações diárias, é importante estabelecer metas que superem o mínimo exigido, ajustadas à realidade do sistema de produção, fazendo o acordo prévio entre a gestão e a equipe.

Esse equilíbrio entre metas mais desafiadoras e a compreensão das necessidades individuais é fundamental para o sucesso organizacional. A gestão eficaz leva em consideração tanto os aspectos amplos do negócio quanto às especificidades dos indivíduos, resultando em uma estratégia integrada que fortalece a empresa como um todo.

Autores:

Júlio Barcellos – É Médico Veterinário, Doutor em Produção Animal, Prof. Titular do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Agronomia da UFRGS. Atua em ensino, pesquisa, extensão e inovação nas áreas de Sistemas de Produção de Bovinos de Corte, com ênfase especial na gestão de tecnologia, tomada de decisões e tecnologias de processos. É coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva – NESPro

Mariana Leão – É estudante de zootecnia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e integrante do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva – NESPro

Giovanna Zucco – É estudante de zootecnia a Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e integrante do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva – NESPro

Maria Antônia Arcari – É estudante de agronomia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e integrante do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva – NESPro.

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