O relatório de Perspectivas para o Agronegócio 2025, do Rabobank, divulgado ontem (30), informou que, embora a produção brasileira de carne bovina tenha alcançado níveis recordes em 2024, a tendência de retenção de fêmeas para reprodução e as condições climáticas adversas previstas para o próximo ano devem limitar a oferta de gado para abate e elevar as cotações do boi gordo. Os impactos das mudanças no regime de chuvas, influenciadas pelo fenômeno La Niña, já são sentidos no atraso da recuperação das pastagens, o que afeta a engorda a pasto e pode pressionar os preços do mercado interno a partir de 2025.
Segundo o relatório, a demanda global segue intensa, com destaque para a China, que absorveu 44% das exportações brasileiras até setembro. A valorização no preço do gado vivo, que passou de R$ 235 em agosto, está alinhada ao crescimento de 28% no volume exportado, mesmo com uma desvalorização de 7% no preço médio da carne no mercado externo. No entanto, o Rabobank alerta que o bom momento de exportações para a China pode ser temporário, uma vez que os estoques confortáveis do país e o aumento de 13% na produção australiana prevista para 2024 tendem a intensificar a competição.
O mercado interno pode enfrentar desafios adicionais com o crescimento da competitividade das carnes suína e de frango, mais acessíveis ao consumidor. Com custos menores para alimentação animal, espera-se que a carne de frango e suína mantenham sua vantagem sobre a bovina, podendo desacelerar o ritmo de crescimento do consumo de carne bovina, que havia sido retomado desde 2023. No cenário externo, os exportadores brasileiros também devem observar com cautela as eleições nos Estados Unidos, que podem reacender tensões comerciais entre China e EUA, potencialmente impactando o fluxo de carne bovina brasileira para o mercado asiático.
O Rabobank projeta que, em 2025, a oferta de carne bovina no Brasil deve reduzir em 5%, o que, aliado à retenção de fêmeas e à baixa expectativa de chuva, deve manter os preços do boi gordo em alta, embora limitados pelo possível aumento da concorrência internacional.
Fonte: Rabobank, adaptado pela equipe FeddFood.
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