Patrocinado
COLUNISTAS

Conteúdo

Proteínas em alta e grãos em baixa no mês de março

feedfood
FOTO: REPRODUÇÃO

BOI: preço sobe e recupera perdas causadas por suspensão dos envios à China

Os preços do boi gordo se recuperaram na segunda quinzena de março, depois de terem recuado na primeira metade do mês. O suporte veio, sobretudo, da retomada dos envios de carne bovina à China – que ocorreu no dia 23 e que gerou expectativas positivas dentre os agentes do setor nacional – e da restrição vendedora, visto que muitos pecuaristas têm aproveitado as boas condições das pastagens para segurar os animais no campo.  

A retomada dos embarques à China já era esperada por agentes do setor nacional, que se fundamentavam na necessidade de compra por parte do país asiático, diante da oferta mundial da proteína mais restrita.  Com as recentes valorizações, a arroba bovina voltou aos patamares registrados em meados de fevereiro, antes de a suspensão dos envios ser anunciada. 

Vale lembrar que o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 encerrou fevereiro a R$ 267,95, com expressiva queda de 7,2% no acumulado daquele mês, sendo que, até o dia 22, antes da suspensão dos envios, o Indicador acumulava alta de 3,74% e operava em torno dos R$ 300. 

Em março (até o dia 28), o Indicador acumulou expressivo avanço de 10,2%, fechando a R$ 295,2 no dia 28. Trata-se, inclusive, da maior elevação no acumulado de um mês desde novembro de 2021, quando o Indicador avançou significativos 25,26%, e o setor nacional atravessava justamente uma suspensão dos envios de carne à China, por conta de um caso atípico de vaca louca no início de setembro de 2021.

SUÍNOS: Valores caem em todas as regiões, e carne ganha competitividade

As cotações da carne suína e do animal vivo caíram em março em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. A pressão sobre os valores veio da oferta elevada e do desaquecimento da demanda pela proteína no mercado atacadista, principalmente na segunda quinzena do mês. 

Diante disso, agentes de frigoríficos passaram a limitar a demanda por novos lotes de animais para abate, o que acabou pressionando também os valores do animal vivo. No acumulado da parcial de março (até o dia 28), a carcaça especial suína foi comercializada à média de R$ 10,71/kg, forte retração de 4,7% frente à registrada em fevereiro. 

Com a expressiva desvalorização da carne suína, a leve baixa nos preços da bovina e alta nas cotações da proteína de frango, o produto suinícola ganhou competitividade frente a essas substitutas, visto que seu preço se aproximou do valor do frango e se distanciou do da bovina.

FRANGO: Preço médio mensal do vivo avança, e poder de compra sobe

Os valores médios mensais do frango vivo registraram pequenas altas entre fevereiro e a parcial de março (até o dia 28). De acordo com dados do Cepea, o animal teve valorização de 1,2% no Estado de São Paulo, com média de R$ 4,90/kg em março. 

A procura pela carne avícola teve ligeira melhora no último mês, o que resultou em aumento nos preços do animal vivo no mercado doméstico. Esse cenário acabou elevando o poder de compra do avicultor paulista frente aos principais insumos consumidos na atividade, milho e farelo de soja, que se desvalorizaram em março.

FARELO DE SOJA: Demanda enfraquecida pressiona cotações no BR

Grande parte dos consumidores domésticos de farelo de soja esteve ausente das aquisições durante o mês de março, o que acabou pressionando as cotações do derivado. Muitos deles haviam adquirido volumes para consumo em curto prazo e aguardavam por um aumento da oferta para fechar novos negócios.

Estimativas do USDA apontando produção recorde de farelo de soja no Brasil nesta temporada também influenciaram a baixa dos preços – de acordo com o Departamento, a produção nacional do derivado deve somar 40,87 milhões de toneladas na temporada atual. No entanto, as vendas também devem ser recordes, com previsão de 21,1 milhões de toneladas para exportação e de 19,85 milhões de toneladas para consumo interno. 

As projeções de aumento nas negociações de farelo de soja no Brasil se devem à menor oferta na Argentina (principal país exportador desse derivado). De acordo com o USDA, a produção de farelo de soja no país vizinho deve somar 27,49 milhões de toneladas, 9,2% abaixo da registrada na safra anterior. 

Desse total, 24,9 milhões de toneladas devem ser exportadas, o volume mais baixo desde 2012/13 e 6,35% menor que o da temporada passada. Assim, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações do farelo de soja recuaram 4,3% entre a média de fevereiro e a da parcial de março. Na região de Campinas (SP), o preço voltou aos patamares negociados em set/22. 

MILHO: Valores médios do milho recuam no spot nacional em março

Os preços médios do milho caíram em março, operando nos menores patamares do ano em muitas praças acompanhadas pelo Cepea. Esse cenário de baixa se deve à elevada produção da safra verão, ao clima favorável ao desenvolvimento da segunda temporada e, principalmente, à redução da demanda interna. 

De acordo com colaboradores do Cepea, as negociações seguiram calmas no spot nacional no último mês – enquanto produtores se mantiveram mais flexíveis, tendo em vista as necessidades de fazer caixa e/ou de liberar espaço nos armazéns, compradores demonstraram baixo interesse em novas aquisições. 

No acumulado da parcial de março (até o dia 28), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) recuou 3,1%, a R$ 83,39/sc de 60 kg no dia 28. No entanto, a média parcial do Indicador, de R$ 85,18/sc, fechou 0,7% abaixo da de fevereiro.