A Quaresma é um período em que o consumo de carne vermelha tradicionalmente diminui no Brasil. Neste período de abstinência por 40 dias antes da Páscoa, católicos põem à mesa outras opções de proteína – e o ovo acaba sendo uma das principais escolhas.
A expectativa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), é que o consumo do produto seja entre 30% a 35% maior no período, neste ano, em comparação à Quaresma do ano passado. O aumento no preço, pelo visto, não está afetando a procura.
De acordo com o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, de janeiro para fevereiro deste ano, o preço do ovo subiu 2,25%. De dezembro de 2022 para janeiro de 2023, o produto teve reajuste de 0,30% na gôndola dos supermercados.
Milan acredita que a alta de fevereiro mostra que a tendência de aumento de preço dos ovos será constante para o ano. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o ovo já teve um aumento expressivo em 2022, quando subiu 18,45%, a maior alta em sete anos.
O vice-presidente da Abras destaca que o que pesa no preço do ovo é o aumento do custo da ração das galinhas, gerado principalmente pela alta do milho e do farelo de soja, que compõem a alimentação do plantel – que representa mais de 70% do custo de produção.
Além disso, ele também aponta a redução do volume de ovos produzido, tendo em vista a dificuldade de pequenos e médios produtores gerada por falta de capital de giro. Com isso, o nível de poedeiras está diminuindo e há queda na produção. “Estamos bastante atentos a esses fatores”, afirma. Em alguns estabelecimentos, o produto já está em falta.
O contexto é confirmado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mas a entidade não vê risco de desabastecimento. “Não dá para dizer que falta ovo no mercado, o que há é uma oferta um pouco mais restrita”, comenta o diretor de Mercados da ABPA, Luis Rua,.
De acordo com ele, o alto custo da produção interferiu no fluxo de caixa dos produtores e alguns saíram da atividade porque não aguentaram o impacto. Em um cálculo rápido, ele aponta que com R$ 100 o produtor de ovo comprava 2,5 sacas de milho há dois anos, enquanto hoje, consegue comprar apenas uma saca.
Esse foi, assim, o principal fator do aumento do preço do produto: “Em alguns casos, a alimentação do plantel representa entre 75% a 80% do custo de produção dos ovos e, para continuar, o produtor teve que repassar algo para o mercado”.
Fonte: Valor Econômico, adaptado pela equipe Feed&Food.
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