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O agro se expande com a economia circular

Thiago Parente é cofundador e CEO da iRancho, organização associada ao GTPS
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O Brasil alimenta o mundo, isto é fato. Estamos entre os cinco países que mais exportam produtos agropecuários do planeta. Portanto, como olhar para o futuro do agro – e para a alimentação mundial – sem pensar em práticas sustentáveis, reaproveitamento de insumos, economia, produtividade, inovação e qualidade? Como produzir mais e melhor e reduzir os impactos e desgaste dos recursos naturais?

Diante disso, a economia circular encontra na agropecuária ampla oportunidade de aplicação. Esse modelo sustentável, que consiste em manter o máximo possível de recursos em circulação, através da reutilização, reciclagem e regeneração, apresenta inúmeros benefícios para o setor agrícola. Alguns deles são a redução dos custos de produção e de insumos químicos nas lavouras. Quando alinhado à gestão e tecnologias eficientes, este modelo proporciona ainda aumento de produtividade e bem-estar animal.

Vejamos o exemplo de um cliente: as Fazendas União do Brasil (FUB), complexo de oito propriedades localizadas em São Paulo e Mato Grosso do Sul, que trabalha com ciclo completo da pecuária de corte e é referência na produção da raça pura Santa Gertrudis. A FUB se destaca por ser pioneira no modelo compost barn para confinamento de bovinos de corte, estratégia que tem levado mais bem-estar aos animais e, consequentemente, mais qualidade à produção.

Os dejetos depositados na “cama” do confinamento são utilizados nos 800 hectares de lavoura do complexo. Antes disso, são enriquecidos com outros elementos e trabalhados em uma linha de compostagem. A estratégia tem reduzido drasticamente a utilização de produtos químicos na agricultura; toda a produção (soja, milho, trigo, cevada, sorgo boliviano, triticale) é direcionada aos animais, apenas partes excedentes são comercializadas.

Além disso, o outro confinamento, estruturado no sistema free stall, possui duas pistas de lavagem que permite a saída dos dejetos para um tanque de decantação; a parte líquida é destinada à fertirrigação nos piquetes onde são criados os carneiros; a parte sólida também vai para a lavoura. Na fábrica de ração, o farelo da soja e uma parte do óleo extraído são utilizados também no confinamento, a outra parte é vendida para produção de biodiesel.

Economia circular não é apenas sobre consumir menos, mas consumir melhor. Por isso, destaco também a importância de se aplicar uma boa gestão na fazenda, que permita gerenciar bem os insumos, controlar o estoque e evitar desperdícios. A gestão eficiente dos recursos, aliada à tecnologia, permite a utilização mais precisa e racional dos insumos, possibilitando processos mais produtivos e econômicos.

É importante que os produtores rurais estejam atentos a essa abordagem e comecem com o que está ao alcance. Quais práticas sustentáveis podem ser empregadas na estrutura atual? Quais tecnologias podem ser aplicadas para garantir um negócio mais sustentável, produtivo e lucrativo? Não dá mais para ignorar este cenário, especialmente quando vemos aumentar a demanda por produtos carbono neutro e uma preocupação geral com a sustentabilidade dos meios de produção e utilização dos recursos naturais.

Por fim, é preciso incentivar os produtores e possibilitar meios de agregar ainda mais valor às produções realizadas a partir da economia circular. É mais do que um olhar para o futuro do agro, é um olhar para o presente. Como e com o que você pode começar hoje?

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