Como de costume, ao final de cada mês de março, o Sindirações disponibiliza a estimativa final do montante produzido no ano anterior. Mais uma vez, a produção brasileira de rações e suplementos minerais conseguiu avançar, encerrando 2023 com crescimento de 1% e produção total de 82,9 milhões de toneladas de rações (1,2% acima da quantidade de 2022), apesar do recuo apurado no segmento de sal mineral que somou 3,7 milhões de toneladas (4,5% abaixo do montante de 2022).
A suinocultura, por exemplo, deve alcançar recorde de exportações (5,7% acima do apurado em 2023, segundo perspectiva da ABPA) e hipoteticamente, até ultrapassar o Canadá no ranking global de fornecedores, muito embora a China (principal cliente) venha gradualmente diminuindo as importações de carne suína. A avicultura de corte, por sua vez, vai garantir suprimento doméstico suficiente e manter promissor desempenho no atendimento à demanda externa (3% superior àquela alcançada no ano passado, conforme previsão da ABPA), garantindo, mais uma vez, a cabeceira no pódio internacional, enquanto a oferta de ovos, ao longo de 2024, pode incrementar mais 6%, sobretudo, por causa daquele consumidor atento à alternativa proteica que melhor se ajusta ao seu orçamento financeiro.
Em 2023, a produção de rações para suínos (20,8 milhões de toneladas) e para frangos de corte (36,5 milhões de toneladas), resultou, respectivamente, em avanço de 1,2% e 2,1%, enquanto para poedeiras (6,9 milhões de toneladas) redundou estabilidade. Considerando os pressupostos supramencionados, ao longo de 2024, a previsão é de incremento da ordem de 1%, 3,5% e 1%.
Ainda no ano passado, a pecuária leiteira sofreu sobremaneira, por conta da perda de 67% na margem bruta e do preço do leite pago ao produtor que recuou 14% em relação ao exercício anterior, prejudicado principalmente pelo recorde das importações de litros equivalentes, a saber, 68,8% maior que as entradas apuradas em 2022, ao contrário do volume exportado de lácteos que recuou 40% (de acordo com estimativas disponibilizadas pelo CEPEA USP). Ao longo de 2024, a produção aponta para estabilidade (conforme prevê a CNA), portanto, qualquer vislumbre de alta, vai depender da melhora no preço do leite e do sucesso nas iniciativas de amenização das robustas importações dos lácteos oriundos dos países vizinhos do Mercosul. Em relação à pecuária de corte, a arroba do boi valia R$ 300 em fevereiro do ano passado, no entanto, apenas R$ 200 em agosto e, no final do ano, alguma recuperação sustentou os R$ 250. O caso atípico de “vaca louca” suspendeu expedições para a China (importou metade dos embarques) e comprometeu exportações até meados de junho. Além disso, mais de 40% de fêmeas foram para abate em 2023 (de acordo com resultados da Pesquisa de Abates do IBGE), os preços da reposição/bezerros desvalorizaram mais que a arroba do terminado e os preços da carne bovina recuaram mundo afora. Esse 2024, contudo, pode representar o início da virada no ciclo pecuário e a menor oferta de bezerros deve favorecer a retomada da recuperação no preço dessa reposição, estimular a retenção de fêmeas e passar a incrementar o preço do terminado.
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