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Mercados de carnes e grãos apresentam queda durante abril

No entanto, milho e animal de reposição em queda podem favorecer confinador bovino
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Foto: reprodução

Milho e animal de reposição em queda podem favorecer confinador bovino

As desvalorizações do milho e do boi magro nos primeiros meses de 2023 vêm gerando certa expectativa positiva para os pecuaristas que realizam a terminação do animal para abate em confinamento. Conforme cálculos do Cepea realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a alimentação (grãos, sobretudo) pode corresponder por 25-35% do Custo Operacional Efetivo (COE) da atividade pecuária, dependendo da região, ao passo que o animal de reposição pode representar entre 63 e 73% do custo. Por outro lado, os valores do boi gordo estão enfraquecidos, o que acaba gerando certa apreensão entre pecuaristas terminadores.

Suíno vivo se desvaloriza, e poder de compra do suinocultor cai

Apesar das fortes desvalorizações dos principais insumos consumidos na atividade suinícola (milho e farelo de soja), o preço do suíno vivo negociado no mercado independente caiu de forma ainda mais expressiva em abril, cenário que reduziu o poder de compra do suinocultor frente a esses insumos no último mês. Segundo colaboradores do Cepea, a queda no preço do animal esteve atrelada à baixa liquidez da carne nos atacados, o que, por sua vez, levou frigoríficos a diminuírem o ritmo de aquisições de novos lotes. Além disso, os feriados em abril (Sexta-feira Santa, no dia 14, e Tiradentes, no 21) reforçaram a menor demanda por animais, tendo em vista que frigoríficos trabalharam com menos dias de abate.

Preços do farelo de soja seguem em queda, mas demanda externa limita baixas

Embora o Brasil esteja exportando volume recorde de farelo de soja, os preços domésticos do derivado continuaram recuando em abril. A pressão veio das expectativas de maior oferta, devido à safra recorde de soja no Brasil e à baixa demanda doméstica, uma vez que consumidores estão atentos às consecutivas quedas de preços e sinalizam que vão aguardar para realizar novas aquisições. Considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja recuaram significativos 10% entre março e a parcial de abril (até o dia 26). Em Campinas (SP), Mogiana (SP), Campo Grande (MS) e Rondonópolis (MT), os valores de abril foram os menores desde dez/21, em termos nominais. No entanto, vale ressaltar que a queda doméstica foi limitada pela firme demanda externa pelo farelo brasileiro. No primeiro trimestre deste ano, o Brasil exportou 4,48 milhões de toneladas do derivado, de acordo com a Secex, um recorde para esse mesmo período de anos anteriores. A maior procura internacional pelo produto brasileiro está relacionada à baixa produção de soja na Argentina, o que deve reduzir a oferta do derivado no país vizinho. De acordo com o USDA, as exportações da Argentina estão previstas em 22,4 milhões de toneladas na temporada 2022/23, o menor volume desde a safra 2004/05, quando foi de 20,65 milhões de toneladas. Com isso, o Brasil deve absorver parte da demanda externa por farelo. Segundo o USDA, as exportações brasileiras podem chegar ao recorde de 21,4 milhões de toneladas nesta temporada.

Apesar da queda no preço do frango, relação de troca por insumos diminui

O poder de compra do avicultor frente aos principais insumos consumidos na avicultura de corte – milho e farelo de soja – aumentou em abril frente ao de março, apesar da desvalorização do frango vivo no mercado doméstico. De acordo com pesquisadores do Cepea, esse cenário foi favorecido pelos recuos mais expressivos nos valores do cereal e do derivado de soja. De acordo com levantamento do Cepea, a baixa nos preços do vivo esteve atrelada à menor procura de atacadistas e varejistas por carne de frango. Esse movimento acabou pressionando as cotações do animal, uma vez que frigoríficos passaram a ter mais cautela com a elevação dos estoques dos produtos de origem avícola, levando-os a demandarem menos lotes de frango vivo. Para o milho, a desvalorização refletiu a menor demanda, a melhora no ritmo da colheita da safra verão (que eleva a oferta em todas as regiões) e o desenvolvimento satisfatório da segunda safra. E para o farelo de soja, a queda das cotações também esteve associada à demanda enfraquecida, além do menor custo com a matéria-prima.

Com baixo interesse de compra, cotações do milho recuam quase 17% em abril

As negociações de milho seguiram limitadas no mercado brasileiro em abril, sobretudo por causa da ausência de compradores, que negociaram apenas lotes pontuais. Nos portos, a demanda pelo cereal também esteve enfraquecida. Já do lado vendedor, agentes estiveram mais flexíveis quanto aos preços, seja por necessidade de caixa ou de espaço para armazenar a safra verão. Esse contexto, somado à expectativa de safra recorde nesta temporada, pressionou as cotações do milho no último mês. No acumulado parcial de abril (até o dia 26), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas, SP) caiu expressivos 16,85%, fechando a R$ 68,68/saca de 60 kg no dia 26. A média mensal do Indicador, de R$ 75,88/sc, já é a menor desde julho/20 (R$ 70,53/sc), em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI de mar/23). Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre 31 de março e 26 de abril, os preços recuaram 16% no mercado de lotes (negociação entre empresas) e 20% no de balcão (preço recebido pelo produtor). Em Paranaguá (PR), a média do dia 26 ficou 20% abaixo da do dia 31 de março. Quanto às expectativas para a temporada 2022/23 no Brasil, com a semeadura finalizada e o clima favorável à safra, a Conab apontou, no dia 13, que a colheita nacional está estimada em 124,87 milhões de toneladas, aumento de 10,4% em relação à de 2021/22 e recorde na série histórica do órgão.

Texto: CEPEA

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