Gabriela Salazar, da redação
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70 milhões de aves mortas. Esse foi o saldo da paralisação dos caminhoneiros que gerou grandes impactos na cadeia de proteína animal em 2018. O balanço a partir disso enfatizou a importância do escoamento para a atividade. De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), Daniel Guidolin, o custeio do transporte hoje gira em torno de 25% do total da produção, o que denota o poder da atividade em todos os elos da cadeia, desde a distribuição dos insumos até a entrega dos produtos ao consumidor final.
A condição para que as atividades da categoria fossem retomadas foi a adoção da tabela do frete, que gerou muita polêmica e controvérsia até ser de fato aprovada, em maio de 2018. Na ocasião, diversos representantes do agronegócio nacional se posicionaram contrários à medida. Entre eles, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Tereza Cristina, que classificou o uso da tabela como perverso.
O tema voltou a pauta na última quinta-feira (16) após a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciar o reajuste da tabela. Além do aumento, que pode chegar a 15%, a resolução também prevê outras mudanças aos fretamentos, como a cobrança do frete de retorno e a inclusão do cálculo do piso mínimo a cobrança do valor das diárias dos caminhoneiros.
Guidolin, presidente da entidade que hoje possui como associados cerca de 70% do mercado de suplementação animal, considera o percentual acima do esperado e aponta potenciais prejuízos para a cadeia produtiva com a nova resolução: “Existem regiões que a indústria de alimentos se beneficia do frete “retorno”. O frete de ida como de madeira, bebidas, implementos agrícolas, pisos, por exemplo, pagam muito bem para o transportador tornando possível ele fazer um frete de retorno mais baixo para outro tipo de matéria prima. Sendo assim, essa tabela prejudica essa dinâmica do mercado”.
O caso, de acordo com Guidolin, ainda não foi debatido formalmente entre os membros da entidade, mas, sem dúvidas, desperta a preocupação do grupo de empresários. Para ele, o impacto da nova resolução deve ser repassado aos produtores, mas, não será algo imediato, já que atualmente muitas transportadoras ainda não praticam os valores estabelecidos no tabelamento.
“Todos os dias lutamos para reduzir os custos e ficarmos mais competitivos e sobrevivermos ao mercado. Possuíamos fretes já negociados com empresas transportadoras ou com autônomos. Diga-se de passagem, eles estavam contentes e obtendo lucro na operação, do dia para noite temos aumento neste acordo muito fora do IPCA, não considero justa e correta essa tabela”, enfatiza o presidente da associação.
A ANTT encaminhou um comunicado geral onde aponta as principais mudanças do frete, confira no link. “Lutamos pelo livre mercado, não podemos travar um preço no frete, as mercadorias transportadas pelos caminhoneiros em sua grande maioria não são tabeladas, por que apenas essa classe necessita desta tutela do Estado?”, questiona Guidolin