Um grupo de mais de 20 pesquisadores de diferentes instituições brasileiras está conduzindo um estudo pioneiro sob a liderança da Embrapa Pecuária Sul (RS) para identificar a “impressão digital” da carne bovina gaúcha. A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), utiliza ferramentas avançadas de metabolômica para analisar a composição da carne em relação ao ambiente de criação e seus reflexos na saúde humana. A expectativa é que o estudo forneça informações detalhadas sobre como fatores como tipo de solo, dieta animal e idade de abate influenciam a qualidade do produto.
A primeira etapa do estudo consiste na identificação dos sistemas modais de produção de gado de corte no Rio Grande do Sul. Entre três e cinco desses sistemas serão analisados em profundidade, com o objetivo de relacionar as características da carne ao sistema produtivo e ao ambiente em que foi produzida. A metabolômica, uma ferramenta inovadora, permite investigar os metabólitos formados durante a vida do animal, revelando uma visão abrangente sobre a composição bioquímica da carne além dos macronutrientes tradicionais.
Além da metabolômica, a pesquisa também utilizará inteligência computacional (IC) para criar modelos preditivos a partir de um banco de dados robusto, que incluirá informações sobre sistemas produtivos, tipo de alimentação e idade de abate. A IC permitirá estabelecer padrões nutricionais e perfis de saudabilidade, oferecendo dados valiosos sobre o papel da carne bovina na dieta humana e contribuindo para tomadas de decisões mais informadas por parte dos consumidores.
Um dos objetivos do estudo é disponibilizar informações que auxiliem na conscientização sobre o consumo de carne bovina e combatam desinformações. As informações serão reunidas em um dossiê detalhado, que poderá servir de base para atualizar o Guia Alimentar para a População Brasileira e reforçar a credibilidade da carne gaúcha nos mercados nacional e internacional.
O estudo também envolve uma fase de coleta de dados em propriedades pecuárias, onde serão avaliados fatores como dieta, sexo, idade de abate, tipo de solo e emissões de metano. As amostras de carne serão analisadas em laboratório para verificar componentes como ácidos graxos, vitaminas e minerais. Os resultados contribuirão para a compreensão da relação entre o sistema produtivo e a qualidade do produto final, consolidando a carne bovina gaúcha como um produto diferenciado e de alto valor nutricional.
Fonte: Embrapa, adaptado pela equipe FeedFood.
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