Entidade visa prospectar cenários e oportunidades para o futuro do setor
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) completa 46 anos nesta sexta-feira (26) em plena era de transformações. Nas últimas quatro décadas, a entidade contribuiu para que o País aumentasse em cinco vezes a produção de grãos. O momento, no entanto, é de se reinventar, atuar não apenas para aumentar a produção científica e as entregas imediatas para a sociedade, mas também prospectar cenários e oportunidades que permitam ajudar a construir o futuro do setor.
No último ano, a cada R$ 1,00 aplicado na entidade, foram devolvidos R$ 12,16 para a sociedade, gerando assim, um lucro de R$ 43,52 bilhões a partir do impacto econômico no setor agropecuário de apenas 165 tecnologias e cerca de 220 cultivares geradas pela pesquisa.
Gestão e desafios. A diretora Executiva de Gestão Institucional, Lucia Gatto, reconhece o tamanho do desafio que a Embrapa possui. “Precisamos ampliar os resultados positivos também reduzindo o custo de operação. As melhorias incluem não apenas a gestão de pessoas, máquinas e sistemas, mas todas as áreas funcionais da empresa”, diz.
Na visão da diretora, a entidade precisa ter acesso a novos modelos de financiamento, como os fundos patrimoniais. “Assim será possível promover relações mais seguras e atrativas para a ampliação de parcerias e a captação de investimentos do segmento produtivo”, explica.
Investimento. O diretor de Inovação e Negócios da Empresa, Cleber Soares, destaca o lançamento, durante o aniversário da Embrapa, da página de negócios no portal da Empresa. Ali estarão disponíveis, de forma aberta, os ativos em desenvolvimento e a evolução de cada um para que os interessados em investir e cooperar no desenvolvimento das tecnologias possam manifestar sua intenção.
Dar mais competitividade para o agro é um dos focos de atuação da área de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa para médio e longo prazo (Foto: reprodução)
Além disso, a Embrapa também desenvolveu o projeto Pontes para a Inovação. Com ele, novas possibilidades de parceria serão abertas. Investidores e parceiros têm a oportunidade de concorrer por meio de chamadas públicas para atuar com ativos da Empresa em nível de maturidade inicial.
Ciência. De acordo com Soares, o que elevou a Embrapa a uma instituição de pesquisa referência na ciência agropecuária nacional foi o protagonismo. No dia a dia do brasileiro, segundo ele, dificilmente não estará presente alguma contribuição gerada nos laboratórios e campos experimentais da Embrapa.
O leite, por exemplo, tem origem provavelmente no sistema intensivo e semi-intensivo desenvolvido pela Embrapa. Almoço com carne? Mais de 90% da forrageiras tropicais que levam a um bom bife são produzidas pela Embrapa. “Nas principais cadeias produtivas do agronegócio é possível enumerar a sua participação no desenvolvimento de ativos tecnológicos, por meio de produtos, processos, de serviços e na formulação de políticas públicas que impactaram os diferentes setores do agro”, diz o diretor.
A Empresa tem procurado responder à crescente expectativa da sociedade sobre a instituição de pesquisa, para isso conta com o suporte de 9.469 empregados, dos quais 2.405 pesquisadores e cerca de 600 laboratórios, que trabalham não só com a agenda da produção agropecuária, mas com o apoio no fornecimento de subsídios à formulação de políticas públicas.
O presidente da Empresa, Sebastião Barbosa, avalia que grande parte da pobreza brasileira está no meio rural, e, por isso um dos grandes desafios é dedicar ainda mais atenção ao setor. “E isso sem perder de vista que a competitividade do agro brasileiro precisa continuar dando saltos de qualidade para manter essa condição invejável que o Brasil conquistou”, diz.
Para Barbosa: “A Embrapa não impõe tecnologias – ela as disponibiliza e o mercado é quem as regula. Produzimos as ferramentas. Conhecendo as demandas do setor, a gente tem soluções que melhor se adaptam às necessidades do produtor, do consumidor e do mercado. É um processo dinâmico ao qual estamos muito atentos”.
Desenvolvimento. Na agenda da pesquisa a entidade vai atuar com mais com projetos relacionados à edição gênica, ou seja, com a possibilidade de tecnologias que editem o DNA das plantas, a exemplo dos projetos com soja, desenvolvidos em parceria com a norte-americana Corteva.
Outra tendência para os próximos anos é a diversificação e a exploração de novos nichos de mercado. “Um exemplo recente é o dos produtores de soja, que em função dos custos elevados, que resultavam em margem de lucro pequena, adotaram a solução da Embrapa e passaram a cultivar grão de bico, em Goiás, e agora vão colher 10 mil hectares de área cultivada”, conta o diretor de Pesquisa & Desenvolvimento, Celso Moretti.
Também está previsto reforço na área de “big data“, que concentrará investimentos com novos algoritmos, novos computadores para analisar dados, bem como na agricultura 4.0, a exemplo da recente aprovação de um projeto no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) de internet das coisas. “Sensores que estão no campo, avaliando a fertilidade do solo, a velocidade do vento, a umidade, se conectam com tratores e satélites que enviam dados para computadores, no campo para tomada de decisão”, explica o diretor.
Fonte: Embrapa, adaptado pela equipe Feed&Food.