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Embrapa anuncia série de novidades para o setor produtivo

Tecnologias envolvem desde testes de sexagem em peixes até parceria internacional
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Natalia Ponse

natalia@ciasullieditores.com.br

Com o slogan “Seu futuro inspira a nossa ciência”, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciou as comemorações dos seus 50 anos com o anúncio de uma série de novidades voltadas ao desenvolvimento do setor produtivo. 

“Somos uma empresa moderna, contemporânea e antenada com as demandas atuais da agricultura brasileira”, comenta o presidente da Embrapa, Celso Moretti, acrescentando: “Sempre gosto de frisar que há cinquenta anos, quando a Embrapa foi fundada, o Brasil vivia numa situação de insegurança alimentar. Nós importávamos praticamente quase tudo que consumíamos”.

A evolução do cenário indicado por Moretti para o status atual da produção verde e amarela está detalhada na linha do tempo divulgada pela Embrapa, com os principais acontecimentos classificados por década (clique aqui para acessar).

Também como parte dos 50 anos, a Empresa anunciou a assinatura de um acordo de cooperação para ampliar a pesquisa com fertilizantes. O projeto Pesquisa e Eficiência para a Produção de Fertilizantes é uma parceria entre a Embrapa, a Universidade da Flórida e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Os recursos chegam a quatro milhões de dólares, sendo um milhão para cada projeto de pesquisa, a ser executado em três anos. 

Entre os temas estão o uso da agricultura de precisão, big data e inteligência artificial para obter uma distribuição mais eficiente dos nutrientes aplicados nas lavouras e no manejo do solo; desenvolvimento e avaliação de novos produtos biológicos para melhorar as funções físicas dos solos; desenvolvimento e avaliação de novas formulações e fontes de fertilizantes para substituir ou diminuir a dependência de fontes tradicionais de NPK, como fertilizantes de maior eficiência e organominerais, e bioestimulantes para o crescimento da raiz; determinação de maneiras para usar melhor as fontes de nutrientes existentes, como plantas de cobertura vegetal de leguminosas, usadas como alternativas aos fertilizantes, e desenvolvimento de novas variedades de culturas que usam os nutrientes do solo com mais eficiência.

A Embrapa também saltou de 6% de projetos com parceria com o setor produtivo, incluindo a iniciativa privada, em 2018; para 24,8% em 2023. São atualmente 274 projetos, sendo 62% de parceiros de pequeno porte, como cooperativas e associações. 

São os chamados projetos de inovação aberta, baseados em parcerias público-privadas, compartilhamento de custos e riscos por meio de co-financiamento e compartilhamento de eventuais direitos de propriedade intelectual. 

E, ao unir passado, presente e futuro, a Embrapa coloca no mercado mais de 30 tecnologias desenvolvidas com parceiros da iniciativa privada. Você pode conferir todos os projetos clicando aqui. A seguir, confira dois destaques pela equipe Feed&Food: 

Testes de sexagem genética para tambaqui e pirarucu

Pesquisadores da Embrapa, em parceria com cientistas franceses, alemães e escoceses, desenvolveram um teste que identifica machos e fêmeas por meio de análise rápida do DNA.

Diferentemente dos métodos convencionais de identificação do sexo, o teste molecular pode ser aplicado em peixes jovens (alevinos). Com isso, será possível comercializar juvenis com o sexo definido, facilitando a produção e agregando valor ao produto. 

A sexagem molecular tem como vantagens oferecer acurácia no resultado e a possibilidade de ser realizada em peixes jovens, além de não ser invasiva. A tecnologia, também conhecida por genotipagem do sexo, permite a disponibilização no mercado de formas jovens já com o sexo identificado, o que agrega mais valor ao produto e fornece ganhos de produtividade na piscicultura.

“Já sabendo qual é o seu grupo de fêmeas, fica mais fácil de realizar investimentos de forma assertiva para a multiplicação dessas espécies”, conta o presidente da Embrapa, continuando: “Em outras técnicas você acaba gastando muito dinheiro sem ter necessidade. Com a técnica de DNA você antecipa esse conhecimento”.

A tecnologia de sexagem precoce dos peixes é baseada em marcadores moleculares do DNA associados ao sexo, utilizando a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla em inglês). 

O teste de sexagem genética de pirarucu será realizado na Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus, AM) e o teste de sexagem genética de tambaqui na Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas, TO). 

Nas duas espécies, o teste é voltado a qualquer fase de desenvolvimento, especialmente aqueles sem caracteres sexuais aparentes. A sua principal aplicação é para o manejo de animais pré-púberes para programas de melhoramento genético, geração de lotes de mesmo sexo e planejamento da reprodução da espécie. 

Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar)

Com um sistema apto a atender diversas culturas e elos da cadeia produtiva por meio da tecnologia blockchain, o Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar) foi desenvolvido pela equipe da Embrapa Agricultura Digital (Campinas, SP). 

O lançamento foi para o processo de rastreamento do açúcar demerara, do campo às 4 gôndolas dos supermercados, em uma parceria com a Usina Granelli, produtora do açúcar. A partir de junho, o produto rastreado deverá estar nos supermercados com informações ao consumidor sobre a origem e o processo de fabricação, entre outras. A mesma tecnologia foi utilizada no ano passado para o açúcar mascavo, da mesma Usina. 

Dados relevantes para a gestão da produção como a procedência do produto, sistema de produção, processos industriais, laudos de qualidade até dados sobre logística, fornecidos e de responsabilidade da empresa parceira, vão estar visíveis a partir de QR Code impresso na embalagem. 

A arquitetura do sistema de agrorrastreabilidade foi desenhada pela equipe da Embrapa. O armazenamento e processamento dos dados, bem como a disponibilização da informação final na internet, ocorrem nos servidores da Empresa seguindo protocolos de segurança.

Com a blockchain, a assinatura digital de cada novo lote do produto inclui as informações codificadas de todos os lotes anteriores, formando uma sequência imutável. Se houver qualquer alteração no banco de dados, o código QR etiquetado nas embalagens do produto é automaticamente inativado. 

As vantagens da rastreabilidade são a construção de reputação no mercado internacional e junto ao consumidor final por meio da transparência e visibilidade da adoção de boas práticas em todas as etapas de produção. Na relação com os revendedores, a rapidez e facilidade quando da necessidade de identificação de problemas relativos à conformidade dos produtos. 

A rastreabilidade proporciona maior aproximação com os fornecedores de matéria prima que, no caso da Granelli, adotam colheita mecanizada e respondem por pequena parcela do corte da cana, pois a quase totalidade da colheita é realizada por pessoal da própria usina, afirma.

O objetivo, de acordo com Celso Moretti, é antecipar demandas e entregar soluções de forma ininterrupta – tudo com base no que a estatal chama de “Visão de Futuro da Agricultura Brasileira” (clique aqui para saber mais).

“A Embrapa aprofunda constantemente suas ações em inteligência estratégica antecipatória, monitora regularmente as transformações no contexto geopolítico, econômico e social do Brasil e do mundo, e analisa suas implicações na interface entre CT&I e agricultura. Esta visão de futuro está sempre em atualização”, finaliza.