“O Brasil oferece ótimas condições climáticas e ambientais para a produção de camarões, com destaque para a região Nordeste, onde estão 99% da atividade. O potencial do país é confirmado pelos números: em 2020 a produção atingiu 112 mil toneladas e deve crescer mais de 30% este ano, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). Além disso, destacam-se a profissionalização do setor, maior atenção às questões ambientais e controle rígido de doenças”, assinala Julio M. Achupallas, gerente técnico de aquicultura da Biomin.
Achupallas acrescenta que “o controle de doenças merece atenção especial quando se leva em consideração que a maior capacidade produtiva significa mais camarões por m² e, consequentemente, maior exposição à agentes infecciosos e condições estressantes”.
Vulnerabilidade da produção
Um exemplo comum e grave recorrente é a presença de vibrioses no ambiente aquático. Além disso, há outros fatores que aumentam à vulnerabilidade da produção, como as condições fisiológicas e a fase do desenvolvimento, desencadeando doenças. “O aumento do risco sanitário também está associado à quantidade de cepas bacterianas presentes no ambiente”, reforça o especialista da Biomin.
As espécies de Vibrio são bactérias complexas e difíceis de erradicar devido à alta capacidade de adaptação mesmo em ambientes não favoráveis. “Os micro-organismos do gênero Vibrio são responsáveis por várias doenças e taxas de mortalidade de até 100%. Na última década, esse problema sanitário custou US$ 45 bilhões em prejuízo. Quando uma bactéria infecta o camarão, ela expõe o sistema imune e abre caminho para as doenças oportunistas”, alerta Achupallas.
Atenção aos sinais clínicos
Os produtores devem ficar atentos a sinais clínicos característicos como letargia, redução de apetite, coloração vermelha no corpo e antenas, necrose e inflamação dos órgãos e descoloração do hepactopâncreas. Nos tanques, os vibrios vivem no intestino dos animais e na água. “Portanto, o manejo da água e a preservação da saúde intestinal são fatores-chave na prevenção”.
“Filtração, desinfecção e saneamento são práticas de biossegurança necessárias para evitar o acúmulo de matéria orgânica nos tanques. O uso de bactérias probióticas é outra ferramenta ao alcance dos produtores, pois comprovadamente ajudam a reduzir as cargas de Vibrio spp. Além da administração na água, os probióticos podem ser oferecidos via ração, como suplemento alimentar. Esses insumos naturais representam uma abordagem mais sustentável quando comparado aos antibióticos, que contribuem negativamente para o aumento da resistência antimicrobiana e apresentam restrição comercial no mercado de exportação”, assinala o gerente técnico de aquicultura da Biomin. “Os probióticos agem de várias maneiras, inclusive inibindo a colonização de patógenos no trato digestivo por meio da produção de substâncias bactericidas”, explica.
Potencial da aquicultura
“A aquicultura brasileira tem grande potencial hídrico para garantir o abastecimento interno e ainda atender ao mercado internacional. O uso de aditivos naturais é mais um estratégia que agrega valor à carcinicultura responsável e com padrões de sustentabilidade. O resultado é melhor taxa de crescimento, sobrevivência, conversão alimentar eficiente, melhores condições ambientais e resistência a doenças”, completa Julio Achupallas.
Fonte: A.I.